Na Champions o Sturm Graz teve uma ideia, mas o Sporting teve várias

Numa partida de Champions que dominou totalmente, o Sporting apostou vezes sem conta no mesmo desenho, mas com pelo menos quatro variantes distintas – e os austríacos foram “enganados” em todas elas.

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Jogadores do Sporting celebram na Áustria Borut Zivulovic / REUTERS
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A viagem do Sporting à Áustria, na Liga dos Campeões, foi uma demonstração do leque de soluções que a equipa “leonina” tem actualmente. Houve triunfo nesta terça-feira por 2-0 frente ao Sturm Graz numa partida totalmente dominada pelo Sporting, que apostou vezes sem conta na mesma ideia, mas com pelo menos quatro variantes distintas – e os austríacos foram “enganados” em todas elas.

No fundo, o Sturm teve uma ideia, mas o Sporting teve várias. E pouco havia a fazer para a menos talentosa, menos sagaz e, em geral, menos competente equipa austríaca, que se limitou a assistir ao segundo triunfo "leonino" nesta Champions.

O problema mais comum de quem enfrenta um 3x4x3 jogando com uma defesa a quatro é, geralmente, o que fazer com os avançados interiores. Quando o avançado interior adversário pede a bola mais longe da área, quem lá vai? Não pode ser um dos centrais e é perigoso se for o lateral, porque o ala adversário ficará com o corredor livre.

Em teoria, o controlo zonal é o mais lógico, mas obriga a muito trabalho táctico. E o Sturm estava mais interessado em definir referências individuais, algo que lhes facilitava o posicionamento, mas dificultava a escolha das marcações.

Amorim a falar

É curioso o efeito que a leitura de jogo de Rúben Amorim teve na partida. A dada altura, o técnico pediu a Trincão que começasse a pedir a bola mais por dentro e não tão aberto, precisamente para provocar o tal problema de encaixe. Trincão ergueu-lhe o polegar em sinal afirmativo, colocou-se mais por dentro e nem cinco minutos depois o Sporting marcou golo através dessa ideia.

Aos 23’, Trincão pediu um apoio frontal na meia-direita, arrastou o lateral adversário e virou-se com uma recepção orientada. Aí houve novo apoio frontal de Gyokeres, que encostou de frente em Hjulmand, médio com espaço para lançar Geny pelo espaço deixado vago pelo lateral arrastado por Trincão. Houve um contra um, cruzamento e finalização de Nuno Santos ao segundo poste.

Foi um desenho tremendo da equipa “leonina”, num momento de trabalho colectivo, leitura de jogo do treinador e perfume técnico de Trincão e Geny.

Aos 35’, a equipa portuguesa mostrou um desenho semelhante ao do golo, mas com uma variante. Houve apoio frontal de Geny parecido com o de Trincão, arrastando um adversário, mas a solução foi lançar Gyokeres em profundidade pelo espaço deixado vago pelo defesa do Sturm.

E aos 16’ já tinham feito uma outra variante, com Bragança a pedir de frente entre linhas, antes de definir o lance para posterior oportunidade de golo de Gyokeres.

A ideia era sempre a mesma: com Geny, Trincão, Bragança ou Gyokeres, o plano era seduzir um adversário a cair no portador da bola e ter outro jogador a romper pelo local deixado livre.

Apesar de uma transição perigosa do Sturm, num lance no qual Hjulmand tentou o desarme em vez de parar o adversário em falta, o Sporting tinha controlo quase total do jogo. Recuperação rápida da bola (vantagem esmagadora nos duelos), circulação segura, alguma verticalização e um trio de bons lances de finalização.

Gyokeres “à Gyokeres”

O domínio era de tal ordem claro que nem havia muito para dizer da organização defensiva do Sporting em 4x4x2, variante que justificou a aposta em Esgaio como terceiro central.

Aos 53’, o risco do Sturm, a precisar de tirar algo deste jogo, permitiu ao Sporting ganhar conforto. A equipa austríaca subiu no terreno e perdeu a bola. Seis (!) jogadores estavam batidos só no momento da recuperação de bola de Debast. Depois, mais três ficaram batidos com um passe do belga. Sobravam dois: um central e um guarda-redes.

E quando se lança Gyokeres no espaço contra um central e um guarda-redes não há muito a fazer. Ou melhor, até há: fazer contenção, algo que o central do Sturm não quis fazer, apostando no duelo físico – que perdeu, naturalmente. O sueco foi por ali fora, ainda driblou o guarda-redes e finalizou com facilidade.

Aos 66’, o Sporting apostou numa quarta variação do desenho do costume. Desta vez foi Trincão a arrastar um defensor, mas sem sequer pedir a bola. Ela foi para Gyokeres, que depois lançou Geny pelo espaço livre.

O penálti inicialmente assinalado foi revertido com ajuda do VAR, mas ficou o registo de uma quarta variante do desenho do costume.

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