Depois de o Reino Unido ter proibido e ordenado o abate de cães de raça american bully XL, em Fevereiro, alegando como motivo a crescente onda de ataques e comportamentos agressivos, os britânicos viraram as atenções para uma nova raça de gatos com características físicas semelhantes.

Também criados nos Estados Unidos da América, os gatos bully XL nascem do cruzamento propositado de duas raças: os sphynx, conhecidos por não terem pêlo nem bigodes, e os munchkin, que têm as pernas curtas.

Os especialistas em bem-estar animal avisam que estes felinos poderão desenvolver vários problemas de saúde. Os criadores, por outro lado, garantem que os gatos são saudáveis e incentivam os britânicos à compra através de fotografias divulgadas nas redes sociais.

Num artigo publicado no The Conversation, a especialista em bem-estar animal Grace Carroll adianta que os gatos bully XL podem enfrentar cancro da pele e infecções respiratórias, dada a ausência de pêlo, assim como artrite e problemas de mobilidade. “As pernas curtas também limitam a capacidade de saltarem, podem colocá-los em desvantagem em brigas e originar outros problemas de saúde graves”, acrescenta.

Tudo isto reduz a esperança média de vida destes gatos que não vivem mais do que seis anos. Em média, um gato vive 12 anos.

A Bullycats UK é uma das páginas no Instagram dedicada à promoção e venda destes felinos. Em declarações ao The Telegraph, Bella Jones, responsável pelo negócio, assegura que os gatos são “completamente funcionais” e diz ter o cuidado de realizar testes aos animais para garantir que não têm problemas de saúde.

A conta, que tem mais de 67 mil seguidores, mostra fotografias dos gatos, incluindo recém-nascidos, a darem os primeiros passos e outros a passearem de trela e peitoral na rua. Há também fotografias destes felinos ao lado de cães american bully XL.

Citada pelo Guardian, a NatureWatch Foundation, organização britânica que promove o bem-estar animal e investiga comércio ilegal de espécies, diz que o cruzamento entre os sphynx e os munchkin é, tal como o cruzamento de qualquer raça de animais para fins comerciais, “uma forma de exploração”. “Nos últimos anos, temos assistido a práticas de criação cada vez mais extremas no mundo dos cães e parece que pessoas sem escrúpulos estão agora a explorar gatos, tudo em prol da ganância e de gostos nas redes sociais.”