Sinwar não é o vosso monstro
Os líderes ocidentais tapam o seu próprio crime contínuo com o Hamas. Tal como toda a gente que não quer ver Gaza (ou o Líbano). Mas o Hamas não é o vosso escudo humano.
1. Eu estava a dormir num prédio de Gaza quando o soldado israelita Gilad Shalit foi feito refém, na madrugada de 25 de Junho de 2006. Combatentes palestinianos, do Hamas e não só, penetraram em Israel por um túnel de meio quilómetro junto a Rafah, atacaram um posto militar, mataram dois soldados, feriram quatro e voltaram com Shalit. Quando acordámos, toda a gente sabia o que aí vinha: Gaza ia ser bombardeada (crónica desses dias no arquivo do PÚBLICO). O que ninguém podia prever, claro, é que o refém Shalit sairia o mais caro de sempre ao Estado judaico. E seria o começo de uma história que de certa forma só acabou esta semana, quando soldados comuns, uma geração depois de Shalit, mataram por acaso o actual Inimigo nº1 de Israel: Yahya Sinwar. O cérebro do 7 de Outubro, aquele a que Netanyahu chama a encarnação do mal. E que o próprio Netanyahu tirou da prisão perpétua. Porque Sinwar foi um dos 1000 prisioneiros palestinianos trocados pelo soldado Shalit em 2011, acordo que hoje parece mirabolante, se pensarmos em tudo o que Netanyahu não fez para libertar os reféns do 7 de Outubro.
O contributo do PÚBLICO para a vida democrática e cívica do país reside na força da relação que estabelece com os seus leitores.Para continuar a ler este artigo assine o PÚBLICO.Ligue - nos através do 808 200 095 ou envie-nos um email para assinaturas.online@publico.pt.