Modelo de rotatividade nas urgências de obstetrícia falhou. Governo propõe novo plano
Pedir que se contacte a linha telefónica e colocar enfermeiro especialista à porta das urgências são algumas das medidas que o Ministério da Saúde pretende tomar depois de um plano que falhou.
O Ministério da Saúde admitiu que o modelo de rotatividade adoptado para o problema das urgências de obstetrícia falhou, avança a TVI. Colocar um enfermeiro especialista à porta e deixar avisos para que se contacte a linha telefónica podem ser algumas das novas medidas para o atendimento de grávidas e será testado na zona de Lisboa e Vale do Tejo.
Segundo o novo plano do executivo para as urgências de ginecologia e obstetrícia, ao qual a CNN teve acesso, as entradas deste serviço passarão a ter um enfermeiro especialista em saúde materna e obstétrica para receber as utentes que não tenham telefonado antes para a linha do SNS.
O papel deste profissional de saúde é avaliar a situação da utente e decidir se esta se manterá na urgência, para ser atendida por um médico, ou se terá de fazer uma marcação, para ser atendida noutro dia.
Para além do enfermeiro à entrada do serviço de urgência, serão colocados cartazes de aviso à porta que relembram que só serão atendidas situações urgentes e que, antes de entrar, é aconselhável ligar para o 808 24 24 24. Também o pessoal administrativo terá indicações para orientar as grávidas que tenham aparecido no serviço sem antes terem feito o contacto telefónico.
Caso se conclua que não é necessário um atendimento médico no momento, as grávidas serão aconselhadas sobre "o que fazer em casa", segundo cita a CNN. Em alternativa, poderão ser encaminhadas para uma consulta num centro de saúde num prazo máximo de dois dias, para consultas hospitalares regulares ou para consultas abertas criadas nos hospitais para atender estes casos e que também terão de ser marcadas dentro mesmo prazo. É ainda aconselhável que os hospitais criem uma linha telefónica própria, a par da Linha SNS Grávida.
O projecto-piloto será aplicado em 13 hospitais da zona de Lisboa e Vale do Tejo — Santa Maria, Maternidade Alfredo da Costa, Cascais, São Francisco Xavier, Garcia da Orta, Barreiro, Setúbal, Loures, Amadora-Sintra, Caldas da Rainha, Abrantes, Leiria e Santarém. Depois de uma avaliação, é possível que seja alargado ao resto do país.
Estas medidas fazem parte do esforço governamental para retirar das urgências os casos não urgentes e sem recorrer à inconstitucionalidade de impedir a entrada no hospital. Desta forma, com a presença do enfermeiro na entrada, as utentes terão passado por uma triagem que conclui se há motivo, ou não, para a sua presença nas urgências.
O Ministério da Saúde concluiu que o antigo modelo adoptado falhou. Sobre este tema, Joana Bordalo e Sá, líder da Federação Nacional dos Médicos, em declarações à TVI, afirmou que anteriormente "a média de partos em ambulâncias era 10 por ano. Agora são 40". "Obviamente que um parto que ocorre numa auto-estrada é um enorme retrocesso na saúde."
Com este modelo, a entrada nas urgências fica reservada às grávidas acompanhadas pela pré-emergência, referenciadas por outros hospitais, portadoras de uma recomendação médica, enviadas por outra urgência, com elevada suspeita de situação urgente (com desmaios ou convulsões, por exemplo) ou encaminhadas pela linha do SNS depois da pré-triagem.
O plano, segundo o mesmo meio de comunicação, foi pensado pela Comissão Nacional da Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente e deverá ser apresentado pela ministra da Saúde durante a próxima semana.