Variações Goldberg de Bach: uma catedral granítica nas mãos de Pedro Burmester
O pianista regressa a uma pedra angular da literatura para instrumento de tecla, numa interpretação aparatosa na riqueza dos detalhes embora opaca na sua estrutura.
Talvez nenhuma outra obra suscite, num pianista, tanto temor quanto as Variações Goldberg, de J. S. Bach. Há, diante da partitura de 1741, reverência, admiração, medo, atracção e uma certeza absoluta: vamos falhar. Desde logo, na pequena traição — heresia para muitos — que é tocar num instrumento moderno, com a projecção sonora e as possibilidades expressivas próprias do piano, uma obra originalmente pensada para um cravo de manual duplo (dois teclados). Traição que requer às mãos do pianista sobreposições e vários cruzamentos, numa coreografia nem sempre ergonómica.
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