Há dois fotógrafos portugueses distinguidos nos prémios Architecture MasterPrize 2024
João Morgado e António Bernardino Coelho venceram a edição deste ano com fotografias do 611 West 56th Street Tower, de Siza Vieira, e do Centro de Interpretação do Românico.
João Morgado e António Bernardino Coelho são os mais recentes fotógrafos de arquitectura portugueses a serem distinguidos no concurso internacional Architecture MasterPrize 2024, com sede em Nova Iorque.
Todos os anos, o júri distingue ateliês, projectos e fotógrafos de arquitectura de todo o mundo. Em declarações ao P3, João Morgado, 39 anos, adianta que concorreu pela primeira vez em Fevereiro de 2024. Nessa altura enviou imagens de dois projectos que fotografou: o 611 West 56th Street Tower, projecto de Álvaro Siza Vieira em Nova Iorque, e a Casa na Boavista, no Porto, desenhada por Jean Pierre Porcher e descrita pelo mesmo como “uma construção de areia”.
Já António Bernardino Coelho foi premiado pelas fotografias do interior do Centro de Interpretação do Românico, em Lousada, projecto do atelier Spaceworkers.
Na quarta-feira, dia 9 de Outubro, receberam um email a informar que eram vencedores.
“Não estava à espera, mas é sempre um orgulho perceber que depois de 14 anos de carreira a arquitectura portuguesa continua a ser reconhecida lá fora e a brilhar internacionalmente. Esse é o maior prémio”, destaca João Morgado.
António Bernardino Coelho, que venceu o concurso em 2023, não deixou de receber a distinção deste ano com surpresa. “Tem sido um percurso de evolução. Não faço grandes ajustes nem alterações às fotografias que tiro e o meu trabalho aponta para o que é a arquitectura que temos em Portugal”, adianta em declarações ao P3.
A entrega dos troféus está agendada para o dia 18 de Novembro, no Museu Guggenheim de Bilbau, em Espanha.
António Bernardino Coelho, que trabalha como engenheiro electrotécnico, diz ainda que fotografia é "um part-time que explora ao máximo" e que começou em 2010, com a captura de imagens de natureza morta e paisagem.
Em 2017 recebeu a primeira distinção de fotografia no festival Sharjah, nos Emirados Árabes Unidos, na categoria de natureza morta. Seguiram-se outros prémios como os Sony Awards em 2018 e 2020 e o 1.º lugar em publicidade nos Architecture MasterPrize 2023.
João Morgado, por outro lado, é formado em arquitectura e começou a fotografar durante um estágio que fez em Maastricht, nos Países Baixos, durante a licenciatura. O arquitecto com quem trabalhava percebeu que fotografava nos tempos livres e convidou-o para captar imagens de um hotel que estava a construir.
Seguiram-se outros projectos fotográficos em Portugal, incluindo construções de novas habitações e reabilitação de outros espaços comerciais e culturais, como o Museu do Vitral, no Porto.
Durante os últimos 14 anos de carreira, o fotógrafo arrecadou vários prémios. Em 2014 venceu o concurso britânico ARCAID Awards com as imagens da Piscina das Marés, em Leça da Palmeira, outro projecto de Siza Vieira. Em 2015, foi considerado um dos melhores fotógrafos de arquitectura do mundo e, em 2020, recebeu o prémio de melhor fotógrafo de arquitectura da competição internacional Muse Design Awards. O concurso premiou ainda vários ateliês de arquitectura portugueses.
Fora da fotografia, houve vários portugueses entre os distinguidos com um Architecture MasterPrize. Entre eles, conta-se o atelier NOARQ, que foi duplamente distinguido pelos projectos Halo, um superelevador em Vigo, desenhado por José Carlos Nunes Oliveira, Alexandre Mouriño e Miguel Sacristán; e pelo Trofa Town Hall, de José Carlos Nunes Oliveira.
O concurso premiou ainda os arquitectos Julião Pinto Leite, do atelier OODA, pela residência estudantil Hoso e Torre 15, no Porto; Henrique Marques e Rui Dinis (Spaceworkers), com o Pavilhão no Jardim, em Paredes; Tiago Silva Dias (Silva Dias Arquitectos), pelo projecto Immerso Hotel, em Lisboa e Raulino Silva (Raulino Silva Arquitecto), com a Habitação Colectiva em Vila do Conde.
Os ateliês João Cepeda Architect, Adarq — André David Arquitectura, Bruno Dias Arquitectura e Estúdio AMATAM, de João Amaral e Manuela Tamborino, receberam menções honrosas.
Notícia actualizada às 15h57 de 14 de Outubro de 2024: foi corrigido o título e acrescentada informação ao texto. Erradamente, apresentávamos João Morgado como o único português a vencer o prémio. António Bernardino Coelho também foi distinguido. Aos leitores e ao fotógrafo, as nossas desculpas.