Cimpor instala rede privada 5G na fábrica de Alhandra

Rede móvel privada da Vodafone vai permitir a digitalização total da fábrica de Alhandra e será replicada nos próximos meses nas unidades de Loulé e Souselas.

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A fábrica da Cimpor, em Alhandra Rui Gaudêncio
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A fábrica de Alhandra da cimenteira Cimpor está a comemorar os 130 anos com um mergulho a fundo na digitalização. Esta unidade da Cimpor Global Holdings (CGH), controlada pelo empresa Taiwan Cement Corporation, estabeleceu um acordo a dez anos com a Vodafone para a instalação de uma rede móvel privada 5G que permitirá à empresa transformar vários processos de negócio, permitindo tomar decisões em tempo real e antecipar e evitar anomalias.

“A nova rede garante uma cobertura total e sem interferências, permitindo ligar sem fios inúmeros dispositivos no chão de fábrica com menor latência e maior débito no tráfego de dados”, adiantou a empresa.

Como ilustração dos usos de caso que podem ter suporte nesta rede privada, a Cimpor referiu a inspecção permanente das instalações com recurso a drones (que permitirão, por exemplo, a monitorização de níveis de stock), a utilização de sensores sem fios para medir temperatura e vibração e detectar e antecipar falhas em tempo real, a possibilidade de assistência remota com óculos de realidade aumentada ou a instalação de câmaras sem fios, que garantem a possibilidade de monitorização das instalações sem qualquer ângulo morto.

Até final de 2026, o grupo (que tem operações na Europa, Ásia e África) deverá replicar esta infra-estrutura nas unidades de Loulé e Souselas (Coimbra), sendo que, na primeira, onde a empresa também explora pedreiras, estão a ser estudadas possibilidades como a condução autónoma de camiões, explicou esta segunda-feira o administrador da CGH com o pelouro das operações, Berkan Fidan.

“A indústria do cimento é uma indústria intensiva em energia, mas também intensiva em dados. Recolher e processar estes dados é um desafio para a eficiência, produtividade e sustentabilidade [da operação]”, notou o gestor turco na apresentação da nova infra-estrutura, em Lisboa.

Com o acesso a mais e melhores dados das operações a Cimpor também pode fazer melhores previsões sobre consumos energéticos e emissões, o que contribuirá indirectamente para a estratégia de descarbonização do grupo, que actua num dos sectores de actividade mais poluentes, como reconheceu.

Berkan Fidan assegurou ainda que o aumento da digitalização nas fábricas da Cimpor em Portugal não implica uma diminuição do número de trabalhadores. “Não significa menos trabalhadores, mas sim que nos estamos a transformar”, afirmou.

“Há sempre questões e debates sobre o que é o 5G e para que serve” e este acordo com a Cimpor “demonstra claramente o potencial de transformação do 5G” na economia, sublinhou o presidente da Vodafone Portugal, Luís Lopes, à margem da assinatura do contrato.

O gestor assegura que este potencial é transversal a vários sectores industriais e usou como exemplos as áreas do petróleo e gás ou logística. Sem querer adiantar quais, reconheceu que a Vodafone está a negociar a criação deste tipo de infra-estruturas privadas para outras actividades.

Há pequenas e médias empresas “que podem não precisar de equipamento próprio [como a Cimpor]” e que em vez de redes privadas podem recorrer a soluções deste tipo através de redes virtuais dedicadas, disse Luís Lopes. A tecnologia pode ser modelada a cada sector e uso de caso, mas o potencial de transformação do negócio é semelhante, assegurou o presidente da Vodafone em Portugal.

A nível global, a Vodafone tem instaladas 78 redes móveis privadas, para 58 clientes, em 17 países.

(Notícia actualizada às 17h17 para corrigir o nome do principal accionista da Cimpor)

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