O centro está a errar e a falhar no cordão sanitário
Ao mesmo tempo que se assiste à defesa de um bloco central moderado nos temas económicos e sociais, normaliza-se a retórica radical nos temas sociais, culturais e securitários.
Depois de num lastimável discurso no 5 de outubro Moedas recuperar a expressão “portas escancaradas à emigração”, usada várias vezes por Montenegro, sugerindo uma ligação entre imigração, “desordem” e “redes criminosas”, o líder parlamentar do Chega logo apareceu ufano a reclamar os créditos. Afinal, de acordo com Pedro Pinto, não fora o Chega ter irrompido pela paisagem política portuguesa, estes temas não teriam sido colocados na agenda. É de facto assim, hoje a força da extrema-direita reside na capacidade de influenciar a agenda dos partidos de centro, designadamente de políticos que se trasvestem de moderados. Ou seja, perdendo ou ganhando deputados, ao definir a gramática do debate político, o Chega já venceu.
O contributo do PÚBLICO para a vida democrática e cívica do país reside na força da relação que estabelece com os seus leitores.Para continuar a ler este artigo assine o PÚBLICO.Ligue - nos através do 808 200 095 ou envie-nos um email para assinaturas.online@publico.pt.