Spin-off da U. Porto cria drone para levar medicamentos a países em desenvolvimento
Desenvolvido pelo investigador nepalês Anuj Regmi, o drone poderá entregar bens essenciais como medicamentos e sangue em qualquer parte do mundo. Já foi testado no Nepal.
Uma spin-off da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto pretende transportar medicamentos e sangue em drones até aos países em desenvolvimento, com o objectivo de "democratizar o acesso a cuidados médicos".
A tecnologia, desenvolvida pelo investigador nepalês Anuj Regmi, do Centro de Investigação em Sistemas e Tecnologia (SYSTEC) e em Portugal desde 2019, permite "aliar um baixo custo de produção à robustez necessária para democratizar esta solução a nível mundial", afirma, em comunicado, a FEUP. Nos países em desenvolvimento, há dificuldades nesta área, não só devido à falta de infra-estruturas, mas também "pelas condições climatéricas e geográficas extremas de algumas dessas regiões", continua.
"Actualmente, as opções no mercado são demasiado caras para que os países em desenvolvimento as possam utilizar ou demasiado débeis para aguentar as condições extremas de nações como o Nepal", lê-se no mesmo documento.
Segundo a FEUP, a spin-off Storming Universe pretende produzir um drone, recorrendo a tecnologia portuguesa, que seja "financeiramente apelativo e tecnicamente fiável para a utilização em situações críticas".
Em parceria com a faculdade, a Universidade da Beira Interior e a Universidade de Katmandu, a spin-off realizou "com êxito", em Agosto, um teste que permitiu realizar uma entrega no distrito de Sindhuli, no Nepal.
O teste "demonstrou as capacidades do drone, como também abriu novas oportunidades de investimento para a empresa", salienta a FEUP, acrescentando que a spin-off pretende, num futuro próximo, entregar medicamentos em áreas remotas do Nepal a altitudes superiores a 5000 metros.
"O sucesso destas missões, realizadas num país com uma geografia difícil e acesso limitado, permitirá que os drones da Storming Universe entreguem medicamentos em qualquer parte do globo", acrescenta a FEUP, indicando que a spin-off da FEUP recebeu um financiamento de 750 mil dólares (cerca de 687.157 euros) de uma empresa internacional para prosseguir com o desenvolvimento da tecnologia.
Para o investigador, este projecto tem um "significado pessoal". Anuj Regmi cresceu "com acesso limitado a estradas fiáveis, especialmente durante a época das monções", sendo "quase impossível entregar medicamentos essenciais e sangue a tempo". Esta realidade leva "a muitas mortes evitáveis", o que também aconteceu na família do investigador.
Citado no comunicado, o director executivo da spin-off salienta que a tecnologia poderia ligar a capital espanhola ao arquipélago português dos Açores "em cinco horas e transportar até 500 quilogramas (kg) de carga".
"Estes drones não só entregarão bens essenciais como medicamentos e sangue, mas também transportarão produtos locais das montanhas", refere, acrescentando que não se trata apenas de salvar vidas, mas também de "impulsionar o crescimento económico de áreas remotas".
"Actualmente, o transporte de mercadorias depende de aviões com uma determinada capacidade para ser rentável, mas identificámos que os aviões de carga mais pequenos são o futuro da ligação entre cidades. Acreditamos que vamos atingir este objectivo até ao final de 2027", acrescenta Anuj Regmi.