Encontrado pé de alpinista desaparecido há 100 anos no Evereste
Uma equipa de filmagens encontrou um pé, uma bota e uma meia que se crê terem pertencido ao alpinista Andrew “Sandy” Irvine, desaparecido há 100 anos durante uma expedição no Evereste.
É um dos maiores mistérios do alpinismo, mas esta pista poderá ajudar a solucioná-lo. Em 1924 – 29 anos antes daquela que é considerada a primeira subida bem-sucedida ao cume do monte Evereste –, os ingleses Andrew Comyn “Sandy” Irvine e George Mallory desapareceram enquanto tentavam alcançar o topo da montanha.
O corpo de Mallory foi localizado em 1999, mas o paradeiro dos restos mortais de Irvine permanecia por identificar – até que, no mês passado, 100 anos após a expedição da dupla, uma equipa de filmagens da National Geographic descobriu o que se pensa ser o pé esquerdo do alpinista desaparecido, acompanhado de uma meia e uma bota, segundo noticia a revista dedicada ao mundo natural. A descoberta foi feita no glaciar central de Rongbuk, sob a face norte do Evereste, no Tibete.
A liderar essa equipa encontrava-se Jimmy Chin, o alpinista e realizador que em 2019 foi premiado com um Óscar pelo documentário Free Solo. Em declarações à National Geographic, Chin relembra o momento: “Levantei a meia e vi uma etiqueta vermelha com A. C. IRVINE escrito. Ficámos todos literalmente a correr em círculos e a gritar”.
Chin diz suspeitar que a bota tenha ficado presa no glaciar até pouco antes de a equipa a ter encontrado. “Penso que derreteu literalmente uma semana antes de a encontrarmos”, contou.
Segundo a BBC, há quem tenha tentado encontrar o corpo de “Sandy” Irvine ao longo dos anos devido à suspeita de que teria uma máquina fotográfica com um rolo não revelado, o que poderia ajudar a provar se Irvine e Mallory terão ou não sido os primeiros a atingir o ponto mais alto da Terra.
Numa entrada no seu blogue, Jullie Summers, sobrinha-neta de Irvine e autora do livro Fearless on Everest: The Quest for Sandy Irvine (Destemido no Evereste: À procura de Sandy Irvine, numa tradução livre para língua portuguesa), confessa que “o facto de Chin ter encontrado apenas uma bota e uma meia (com o pé também) é tentador e levanta a questão acerca do que aconteceu e de onde estará o resto do corpo de Sandy Irvine”. “Por vezes, a história conjuga-se lindamente, como uma lã tricotada na perfeição”, prossegue a descendente do alpinista.
Joe Smith, director da Royal Geographical Society, contou ao jornal britânico The Guardian que “Sandy era uma figura excepcional e deu um contributo significativo para a nossa compreensão do Evereste e dos Himalaias.” “A descoberta dos seus restos mortais é o encerrar de um capítulo para os familiares e para a comunidade de alpinistas em geral, e estamos gratos ao Jimmy e à sua equipa por terem permitido isto”, disse Smith.
Segundo a National Geographic, membros da família de “Sandy” Irvine ofereceram-se para fornecer amostras de ADN, que serão comparadas com os restos mortais, a fim de confirmar a sua identidade.
Texto editado por Ana Maria Henriques