Ausência de Biden obriga ao cancelamento da cimeira de Ramstein

Zelensky queria apresentar o seu plano de vitória aos restantes aliados, mas Biden vai ficar nos EUA por causa do furacão Milton. Rússia continua a avançar no Donbass.

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Zelensky foi recebido pelo primeiro-ministro croata, Andrej Plenkovic, para uma cimeira regional ANTONIO BAT / EPA
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Aquela que seria a primeira cimeira de líderes ocidentais na Base Aérea de Ramstein, na Alemanha, foi cancelada devido à ausência do Presidente norte-americano, Joe Biden, motivada pelo furacão que atinge a Florida na noite desta quarta-feira.

A cimeira na base aérea dos EUA tinha uma importância acrescida por estar prevista a presença do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que pretendia apresentar aos parceiros da NATO o seu “plano de vitória”. A ausência de Biden, anunciada pela Casa Branca na terça-feira à noite, deixou sem efeito o encontro. Segundo a direcção da base de Ramstein, será anunciado no futuro uma nova reunião do grupo de apoiantes da Ucrânia.

A Casa Branca informou que Biden iria cancelar as viagens à Alemanha e a Angola – que seria a primeira visita do Presidente norte-americano ao continente africano – para “supervisionar as preparações e a resposta” ao furacão Milton, que as autoridades anteviam poder vir a ter um impacto “catastrófico” no estado da Florida.

Depois de ter apresentado a Biden os pormenores do seu plano para pôr a Ucrânia numa situação de vantagem para eventuais negociações com a Rússia, durante a visita recente aos EUA, Zelensky esperava ter uma nova oportunidade em Ramstein para persuadir os seus parceiros a fornecerem a Kiev as armas que acredita serem suficientes para alcançar os seus objectivos.

Em particular, o Presidente ucraniano quer que os seus apoiantes forneçam à Ucrânia garantias de segurança que dissuadam a Rússia de novos ataques no futuro, no quadro da cláusula de defesa colectiva do Tratado do Atlântico Norte. Além disso, Zelensky pretende que Biden autorize as forças ucranianas a utilizar os mísseis de longo alcance fornecidos pelos EUA, Reino Unido e França para atingir alvos no interior do território russo.

“Assim que conheçamos as posições dos nossos parceiros e avaliemos as possibilidades reais da Ucrânia, promovidas pelo nosso plano de vitória, iremos tornar pública a nossa estratégia de acções futuras”, afirmou Zelensky na segunda-feira, ainda antes do cancelamento da cimeira na Alemanha. O Presidente ucraniano também contava reforçar o apelo junto dos aliados para que fossem entregues mais mísseis Patriot e sistemas de defesa antiaérea.

Com o cancelamento da cimeira de Ramstein, Zelensky manteve o resto da agenda internacional, com viagens previstas a França, para ser recebido pelo Presidente Emmanuel Macron, à Alemanha, para se encontrar com o chanceler Olaf Scholz, e a Itália, para encontros com o Papa Francisco e com a primeira-ministra, Giorgia Meloni.

Esta quarta-feira, participou numa cimeira regional na Croácia na qual aproveitou para difundir a sua visão para os próximos meses. “Em Outubro, Novembro e Dezembro, temos a hipótese de fazer avançar as coisas rumo à paz e à estabilidade duradoura. A situação no campo de batalha cria uma oportunidade para esta escolha – uma escolha pela acção decisiva para acabar com a guerra em 2025, o mais tardar”, afirmou, citado pela Reuters.

No terreno, porém, a iniciativa parece continuar do lado da Rússia, que tem conseguido alcançar alguns progressos territoriais no Donbass. Depois de terem tomado a cidade de Vuhledar, ao fim de uma longa batalha que durava praticamente desde o início da invasão em larga escala, as forças russas entraram em Toretsk, uma localidade a 80 quilómetros a norte. Segundo o Exército ucraniano, nos últimos dias, têm sido travados combates dentro da cidade.

Ao mesmo tempo, as forças russas têm tentado avançar para Pokrovsk, uma cidade mais a sul, que tem uma significativa importância estratégica e está bem defendida pelo Exército ucraniano.

Enfrentando grandes dificuldades em conseguir responder às sucessivas vagas ofensivas russas, a estratégia ucraniana dos últimos meses parece assentar no esgotamento dos recursos do Exército russo, tanto de pessoal como de material, com o objectivo de reduzir a enorme desvantagem ucraniana na escala de mobilização de militares e armas.

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