Limp Bizkit processam Universal Music Group e reclamam 200 milhões de dólares
Banda de Fred Durst acusa o gigante da indústria musical de ter criado um sistema para deliberadamente “ocultar dos seus artistas” aquilo que lhes seria devido em matéria de direitos de autor.
Os Limp Bizkit, banda de nu-metal que viveu um período de imensa popularidade entre o final dos anos 1990 e a primeira metade da década seguinte, processaram o Universal Music Group, alegando que a multinacional deve ao grupo liderado por Fred Durst à volta de 200 milhões de dólares (cerca de 182 milhões de euros) referentes a direitos autorais e/ou conexos (royalties). No processo, que deu entrada num tribunal em Los Angeles esta terça-feira, a equipa legal de Durst acusa o grupo de ter “concebido e implementado softwares de pagamento de royalties que foram criados deliberadamente para ocultar dos seus artistas” aquilo que lhes era devido em matéria de direitos de autor e “guardar esses lucros” para a empresa.
Como escreve a revista Variety, que consultou a queixa, o grupo alega não ser “o único a ter sido privado de royalties”, afirmando que, “possivelmente, centenas de outros artistas sofreram um destino semelhante”. O Universal Music Group declinou tecer comentários sobre as alegações.
Movimentando-se na região onde o rock e o metal se intersectavam com o hip-hop, os Limp Bizkit tornaram-se um caso de grande sucesso comercial com os seus discos Significant Other (1999) e Chocolate Starfish and the Hot Dog Flavored Water (2000). O processo sugere ainda que a relevância cultural da banda está de novo em crescendo — no ano presente, afirmam os representantes legais de Fred Durst, as canções do grupo somam já 450 milhões de reproduções, ou streams, no Spotify. “Apesar disto, a banda não recebeu um único cêntimo do Universal Music Group em royalties até tomar medidas”, lê-se na queixa.
Foi depois de, no início deste ano, o Universal Music Group ter sondado Fred Durst a propósito de edições comemorativas de alguns dos seus lançamentos que o frontman do grupo e a sua equipa legal terão começado a fazer pesquisa sobre os montantes que alegadamente seriam devidos aos Limp Bizkit, escreve a Rolling Stone. A revista norte-americana acrescenta que Durst e os seus empresários terão descoberto “duas contas bancárias, com um milhão de dólares pagáveis à banda", das quais, alegadamente, a Universal “nunca os informara”.
“De acordo com as declarações de royalties do Universal Music Group, o dinheiro, que se tornara pagável a partir de 2019, foi depois fraudulentamente classificado como ‘não recuperado’ como forma de travar o pagamento”, diz a agência Reuters, que também cita o processo. Os Limp Bizkit sugerem que a empresa “pode ter usado tácticas semelhantes para evitar pagar, ao longo de anos, a centenas de outros artistas” sob a sua alçada. Dinheiro “não recuperado” corresponde a investimentos supostamente infrutíferos, sem retorno, feitos pela multinacional para a banda gravar álbuns (dos quais vendeu cerca de 45 milhões de cópias) ou videoclipes, por exemplo.
A Rolling Stone conta que em Julho os advogados de Durst enviaram uma carta à Universal exigindo não apenas pagamentos como também a cedência da propriedade das gravações originais do grupo (masters). A empresa alegou que, desde o início do seu contrato com os Limp Bizkit, havia feito à banda adiantamentos na ordem dos 43 milhões de dólares, o que estaria a ter como consequência uma “espera mais longa” por retorno financeiro. Os representantes legais de Fred Durst dizem que, apesar de a lista de documentos disponíveis ser “incompleta” — reclamam que, até agora, ainda não terão tido acesso a mais do que uma quantidade limitada de declarações de royalties —, a multinacional não conseguiu fundamentar essa quantia.
A banda diz que, até ao mês de Agosto, a Universal havia pago aos Limp Bizkit e à Flawless Records — editora fundada por Fred Durst que é uma subsidiária da Universal — cerca de um milhão de dólares e 2,3 milhões de dólares, respectivamente. Esta terá sido a primeira vez que receberam pagamentos relativos a direitos de autor, dizem os queixosos. No final de Setembro, descontente com o não-envio das restantes declarações de royalties que havia solicitado, Durst terá pedido para cessar o seu contrato. A recusa por parte da Universal não terá dado “alternativa” aos Limp Bizkit e à Flawless Records que não a acção agora interposta em tribunal.