Das águas de Outubro para o prato: eventos gastronómicos a saborear este mês
Saciados os Heróis do Mar no festival lisboeta que abriu o mês, o país mobiliza-se para outras riquezas, do polvo algarvio ao fish de Matosinhos, passando por um momento Out of the Blue.
De Quarteira a Vilamoura, está o polvo estendido
Celebrado a 8 de Outubro, o Dia Mundial do Polvo está de tentáculos estendidos até essa data e desde dia 4, alcançando mais de 20 restaurantes de Quarteira e Vilamoura. Está servida a Semana do Polvo, naquela que é já a sua sétima edição.
Assado, estufado ou espetado; em pataniscas, arroz, feijoada ou moqueca; com massa ou batata-doce; à Brás, à algarvia, à lagareiro… São múltiplas as formas de mostrar “a versatilidade gastronómica do molusco” e expor “por que o polvo é um verdadeiro tesouro dos oceanos” – palavra da Associação dos Empresários do Algarve, responsável pelo evento.
A degustação não se faz só a jantar fora, nem tem de se confinar aos limites temporais e geográficos: no website onde estão enumeradas as casas aderentes e respectivas ementas, vale a pena "folhear" uma secção de receitas partilhadas por algumas delas, investir no “faça você mesmo (o polvo)” e fazer um brilharete perante os comensais lá de casa.
A rota com o melhor fish? Em Matosinhos
De 8 a 27 de Outubro, há peixe e marisco à prova pelas ruas de Matosinhos. Está em marcha a 13.ª edição do Rally Fish, temperado pela vontade de “exaltar a rica tradição piscatória da região” e pela garantia de oferecer “uma viagem gastronómica inesquecível”, anuncia a autarquia.
A rede é formada por mais de 60 restaurantes, todos eles a concorrerem para reforçar o estatuto de um concelho que se tem afirmado com a marca World's Best Fish, na qual este roteiro se enquadra.
De porta em porta, com um copo de vinho ou de cerveja Nortada a regar o passeio (combinação pela qual se paga o valor único de 3,50€), vêm à rede petiscos como mexilhão à pescador, pataniscas diversas, croquete de peixe-espada, bobó de camarão, carpaccio de bacalhau, sopa de peixe, recheio de sapateira, usuzukuri ou petinga frita.
Cada prova dá direito a um autocolante para colar num folheto que habilita o portador a prémios. Quem quiser fazer o gosto ao sentido crítico – e porque esta também é uma ocasião de competição amigável entre cozinhas – poderá votar online no favorito.
À centena é mais saboroso – Portimão que o diga
Em Portimão, é ano de pausa sabática para a Rota do Petisco. Mas nem por isso os “petiscadores” saem mal servidos. Pelo contrário. Por sugestão da autarquia, a organizadora Teia d’Impulsos e os seus parceiros erguem no seu lugar 100 Anos, 100 Sabores, ao embalo das comemorações do centenário da elevação de Portimão a cidade.
Entre 11 de Outubro e 10 de Novembro, os restaurantes aderentes (situados no centro, na Praia da Rocha e em Alvor) convidam “portimonenses e visitantes a percorrer desde becos e ruelas, até aos pontos mais históricos e culturais desta cidade centenária, através do paladar” e com a cozinha tradicional portuguesa como ingrediente principal.
A principal diferença relativamente à Rota do Petisco está no formato, mais virado para menus. Preparados especialmente para a ocasião, servem-se em três modalidades: Menu Chef (15€), Menu Degustativo (10€) e Menu Doce (4€). Os dois primeiros dão direito a entrada, prato e bebida; o último, a doce e bebida.
De resto, mantém-se a sugestão de ir andando, comendo e registando o périplo num guia que, além de doar os 1,50€ que custa a acções de solidariedade social no concelho, pode dar acesso a prémios.
A nível de sabores propriamente ditos, a ementa tem-nos para todos os gostos, mas privilegia a relação da cidade com o mar, seja pela presença sempre forte da sardinha, seja por sugestões como xerém de berbigão, massada de lingueirão, patanisca de bacalhau, filete de cavala, uma canja de robalo com limão ou um duo de vieiras com camarão.
Ponte de Lima a Lourear a Pevide
Em Ponte de Lima, o petisco mobiliza os apetites – neste caso, com ordem para Lourear a Pevide. Trata-se da quarta edição da iniciativa enogastronómica que convida “a relaxar numa esplanada com o rio Lima na linha do horizonte”, de petisco numa mão e copo de vinho na outra. Este ano, expande-se por mais tempo: de 1 de Outubro a 30 de Novembro.
A ideia é harmonizar os vinhos da casta loureiro – que vai tão bem com peixe e marisco que noutras paragens lhe chamam sushi wine – com a gastronomia regional. Neste campo, o bacalhau mete-se em várias das propostas, ora em bolinhos, ora numa “fodinha” (também conhecida como patanisca), em alegre convívio com lulas, mexilhão e também cabrito e muito queijo.
São 20 os estabelecimentos que se dão à experiência, no valor de 4€. Também aqui temos uma caderneta, um carimbo para registar cada teste de sabor e recompensas a concurso.
De Santarém avista-se o país (e o futuro)
Peixe do bom, de toda a sorte e de todo o país é o que não costuma faltar àquele que se autoproclama, justificadamente, “o pai dos festivais gastronómicos”. “Descubra Santarém enquanto prova Portugal” é o desafio feito, mais uma vez, pelo Festival Nacional de Gastronomia de Santarém.
Produtores de todas as regiões do país acorrem ao certame, este ano atraídos pelo mote Tradição com Sabor a Futuro. Dessas regiões vêm também os oito cozinheiros que vão participar na grande novidade desta 43.ª edição: o Troféu Portugal, um concurso culinário apoiado na defesa dos produtos da terra de cada um.
O chef Rodrigo Castelo torna a assumir a posição de embaixador-curador e chama três camaradas a juntar-se a ele em jantares exclusivos, com propostas inspiradas nas suas origens: Lídia Brás, Hugo Araújo e Louis Anjos.
O festival decorre entre os dias 17 e 27 de Outubro, na Casa do Campino, do meio-dia à meia-noite, com entrada livre nos dias úteis e paga ao fim-de-semana (2,50€).
A resposta está no oceano e é azul
Voltamos a Matosinhos por um instante. Ou melhor, por uns dias. Para comer, é certo, mas sobretudo para pensar, repensar e debater tudo o que tem a ver com a economia do mar. Entre 23 e 26 de Outubro, a cidade puxa novamente dos seus galões de ligação ancestral ao oceano, enquanto anfitriã e parceira de um novo evento: o Out of the Blue.
Promovido pela Opium e produzido pela Local Heroes, também com o apoio do Turismo de Portugal, entra na agenda com a crença firme de que "A Resposta Está no Oceano"(lema geral) e com o duplo objectivo de “discutir o futuro da alimentação proveniente do oceano e posicionar a costa do Norte de Portugal como destino privilegiado para o turismo gastronómico e sustentável”, apregoa a nota de intenções.
Vem programado com sessões de degustação, oficinas, demonstrações culinárias e actividades para os mais novos, lado a lado com conversas e discussões alimentadas por “cientistas, chefs, investigadores e empreendedores”, elencam.
Fazendo fé nas ideias de que “as pessoas protegem aquilo que amam, amam o que compreendem e compreendem o que lhes é ensinado”, como não se cansava de repetir o oceanógrafo Jacques Cousteau, nada como ir directamente ao fundo da questão: o festival proporciona uma experiência multimédia imersiva, intitulada Under the Blue, que simula uma viagem às profundezas subaquáticas.
É no Mercado Municipal de Matosinhos que as acções se concentram, mas também há visitas guiadas temáticas e jantares noutros locais. Os quatro dias de Out of the Blue culminam na festa de rua que é o Grande Arraial do Peixe, à volta de uma mesa comunitária que é servida de fresco pelos restaurantes locais.
À excepção dos jantares, que são pagos, todas as actividades têm entrada livre, mas convém ter atenção às que requerem inscrição prévia.