Navio com bandeira portuguesa com explosivos para Israel impedido de entrar em Malta

Decisão surge depois de Francesca Albanese, relatora da ONU, ter pedido acção ao Governo maltês. Cargueiro também terá sido impedido de entrar nas águas da Eslovénia e de Montenegro.

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Governo maltês não autorizou entrada do navio nas suas águas territoriais Miguel Manso
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O navio Kathrin, que transporta explosivos encomendados por uma empresa de armamento israelita, e que ainda consta nos sites da especialidade como tendo pavilhão português, foi impedido de entrar nas águas territoriais de Malta esta segunda-feira.

O cargueiro tinha pedido autorização às autoridades maltesas para aportar no país, mas fontes do Governo adiantaram a jornais locais que a entrada do Kathrin não foi permitida, sem contudo especificarem o motivo.

Na segunda-feira de manhã, Francesca Albanese, relatora da ONU para os territórios palestinianos ocupados e uma das vozes mais críticas da actuação militar de Israel, tinha “implorado” na rede social X (antigo Twitter) que Malta “travasse o avanço do navio”. “Num momento em que Israel está a cometer actos de genocídio contra os palestinianos”, escreveu, “os Estados têm a obrigação de ‘respeitar e fazer respeitar’ a Convenção sobre o Genocídio ‘em todas as circunstâncias’, o que inclui não transferir armas para partes de um conflito armado.”

Uma fonte oficial do Governo português tinha dito à agência Lusa na terça-feira passada que o armador alemão do Kathrin “requereu formalmente e de forma irreversível", na sexta-feira, dia 27 de Setembro, "o cancelamento do registo na Madeira, portanto pediu para retirar o pavilhão português”. A mesma fonte afirmou que o processo demoraria “dois ou três dias”.

O PÚBLICO questionou o Ministério dos Negócios Estrangeiros sobre o assunto esta segunda-feira, procurando esclarecer se o navio ainda ostenta bandeira portuguesa. Em vários sites que monitorizam o tráfego marítimo mundial, o Kathrin continua a surgir como estando registado em Portugal. E o movimento BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções), que tem mobilizado os seus apoiantes em vários países para pressionar diferentes governos, exigiu novamente esta segunda a Portugal “que retire imediatamente a sua bandeira” ao navio.

Em meados de Setembro, a bordo do cargueiro seguia material explosivo com destino a empresas de fabrico de armamento em Israel, na Polónia e na Eslováquia. O ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, disse ao PÚBLICO e à Renascença que o navio terminaria o seu frete “no mar Adriático, num porto no Montenegro e noutro na Eslovénia”.

De acordo com a informação dos sites de monitorização de tráfego marítimo, o Kathrin esteve nos últimos dias no Adriático e começou a aproximar-se de Malta no domingo à noite. A Amnistia Internacional pediu aos Governos montenegrino e esloveno que impedissem a entrada do barco nas suas águas territoriais. Segundo a Rádio Slovenija, o navio não chegou a aportar em Koper, como estava previsto, e as autoridades de Montenegro negaram-lhe acesso.

O Kathrin saiu de Haifom, no Vietname, em Julho, e desconhece-se neste momento qual será o seu destino, após Malta ter-lhe negado a entrada em águas territoriais.

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