Hugo Soares. “O Governo moveu uma montanha, o PS ainda não saiu do Largo do Rato”
Apesar da crítica, líder parlamentar do PSD diz que “este é o momento de tirar alguma crispação ao debate”.
O líder parlamentar e secretário-geral do PSD, Hugo Soares, afirmou este domingo que o "Governo moveu uma montanha e o PS ainda não saiu do Largo do Rato", numa crítica aos socialistas que, depois da contraproposta apresentada pelo Governo na última quinta-feira, com recuos no IRS Jovem e no IRC, apresentaram novas exigências sobre estes dois temas.
Apesar da crítica, Hugo Soares defende que "este é o momento de tirar alguma crispação ao debate, é o momento de o interesse nacional, o interesse colectivo, se sobrepor a qualquer interesse partidário".
Em declarações aos jornalistas em Mondim de Basto, Vila Real, transmitidas pela RTP3, o líder parlamentar social-democrata não antecipou quando será dada a resposta do executivo à contraproposta dos socialistas - "É tempo de esperarmos aquilo que o Governo terá a dizer e o Governo falará pela voz do senhor primeiro-ministro".
Na sexta-feira, o PS admitiu viabilizar o Orçamento do Estado, se o Governo não descer tanto o IRC e reduzir o prazo do IRS Jovem.
No que se refere ao IRC, Pedro Nuno Santos admite a redução da taxa geral de 21% para 20% no próximo ano, mas com uma condição - que o executivo abdique de novos desagravamentos no resto da legislatura, optando, em vez disso, por reintroduzir o Crédito Fiscal Extraordinário ao Investimento, um incentivo criado no tempo da troika (2014) e recuperado durante a pandemia (2020 e 2021).
Num segundo cenário admitido pelos socialistas, o Governo não mexe no IRC em 2025 e avança desde já com o Crédito Fiscal Extraordinário ao Investimento. Se pretender baixar o IRC nos anos seguintes terá de encontrar uma maioria parlamentar para aprovar a medida, que não contará com o apoio dos socialistas.
Já quanto ao IRC Jovem, Pedro Nuno Santos pretende reduzir número de anos em que os jovens trabalhadores beneficiam do imposto reduzido, baixando para sete os 13 anos previstos na proposta do Governo.
No sábado, em entrevista ao Telejornal da RTP1, António Leitão Amaro, ministro da Presidência, considerou que as negociações estão num "caminho melhor e mais positivo", mas apontou o foco ao IRC, com críticas à solução apontada pelo PS.
Para Leitão Amaro, o mecanismo de crédito fiscal "é um instrumento desadequado", "muito mais caro" - "é um mecanismo de aceleração rápida de investimentos que já estão previstos, uma espécie de injecção de adrenalina que se utiliza só num momento de crise" - pelo que terão de ser encontradas "alternativas".
Logo na noite de sexta-feira, vários ministros pronunciaram-se sobre as novas propostas do PS. Em entrevista ao canal televisivo Now, Manuel Castro Almeida, ministro Adjunto e da Coesão Territorial, considerou “difícil um entendimento”.
Na SIC, Paulo Rangel, ministro dos Negócios Estrangeiros, classificou a posição do PS, precisamente em relação ao IRC, como desajustada e inaceitável.
Pedro Duarte, ministro dos Assuntos Parlamentares, na CNN, elogiou o tom dos socialistas, mas disse que "o Governo cedeu uma montanha" e o PS "não saiu do Largo do Rato [onde é a sede do PS]", a mesma frase que Hugo Soares usou este domingo.