Israel intensifica ataques nas duas frentes de guerra
Os subúrbios de Beirute foram fortemente bombardeados por Israel ao longo do fim-de-semana, e no Norte de Gaza está a decorrer uma nova incursão terrestre contra o Hamas. Netanyahu promete vitória.
Na véspera do primeiro aniversário do massacre cometido pelo Hamas no Sul de Israel que desencadeou um dos mais graves conflitos no Médio Oriente nas últimas décadas, as forças israelitas intensificaram os ataques aéreos sobre Beirute e retomaram as operações terrestres na Faixa de Gaza, causando vários mortos.
Desde sábado que as Forças de Defesa Israelitas (IDF) voltaram a entrar nas regiões do Norte do território controladas pelo Hamas: Beit Lahiya e Jabalia. Os aviões israelitas bombardearam várias casas e pelo menos 20 pessoas morreram, segundo os serviços médicos.
Os residentes na região norte da Faixa de Gaza disseram à Reuters que a noite de sábado para domingo foi uma das piores em vários meses, fazendo lembrar os piores momentos desde que Israel lançou uma ofensiva contra o Hamas que destruiu grande parte do território palestiniano, desalojou mais de um milhão e matou quase 42 mil pessoas.
“A guerra voltou”, disse Raed, um homem de 52 anos de Jabalia que se preparava para abandonar a cidade rumo à Cidade de Gaza, para fugir aos combates. “Dezenas de explosões de ataques aéreos e bombardeamentos de tanques abanaram o chão e edifícios, parecia que eram os primeiros dias da guerra”, disse o palestiniano por mensagem à Reuters.
Ao longo do dia, militares das IDF e membros do Hamas, Jihad Islâmica e outros grupos armados palestinianos estiveram envolvidos em confrontos no campo de refugiados de Jabalia, o maior em Gaza.
As forças israelitas também atacaram a localidade de Deir el-Balah, no centro de Gaza, matando pelo menos 26 pessoas, que, de acordo com as autoridades ligadas ao Hamas, estavam refugiadas numa escola e numa mesquita. As IDF disseram ter atacado estes edifícios por suspeitar de que estariam a ser usados pelo Hamas como centros de “comando e controlo”.
Os edifícios ficaram tão danificados pelo ataque israelita que os serviços de resgate necessitaram de três horas para retirar todos os corpos dos escombros, segundo a Al-Jazeera.
Pelo segundo dia consecutivo, as forças militares israelitas emitiram ordens de evacuação para os residentes de várias regiões no centro de Gaza, antecipando novos ataques contra o Hamas. O grupo palestiniano estabeleceu “infra-estruturas terroristas na região, explorando a população, abrigos e instalações de saúde como escudos humanos”, disse o porta-voz das IDF, Avichay Adraee.
Bombardeamentos em Beirute
Na outra frente da guerra aberta por Israel, Beirute voltou a ser fortemente bombardeada pela Força Aérea israelita. A acção foi descrita como o bombardeamento mais intenso desde que as forças israelitas começaram a atacar o Líbano com o intuito de neutralizar a milícia xiita do Hezbollah.
“A noite passada foi a mais violenta de todas as anteriores”, disse à Reuters Hanan Abdullah, residente num bairro nos subúrbios a sul de Beirute. “Os edifícios tremiam à nossa volta e, ao início, pensei que fosse um sismo. Houve dezenas de ataques – não os consegui contar todos – e os sons eram ensurdecedores”, explicou.
Os ataques aéreos israelitas nos arredores de Beirute têm subido de intensidade nos últimos dias, impedindo há vários dias o acesso de equipas de resgate às áreas afectadas.
No domingo, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, visitou as tropas estacionadas ao longo da fronteira com o Líbano pela primeira vez desde que a nova frente de guerra foi aberta. “Estamos no calor de uma guerra extenuante contra o eixo do mal do Irão, destinado a destruir-nos”, declarou Netanyahu. “Isso não irá acontecer porque iremos permanecer juntos e, com a ajuda de Deus, iremos emergir vitoriosos”, acrescentou.
Com a aproximação do aniversário do ataque do Hamas, Israel está em alerta máximo para potenciais ataques terroristas no seu território inspirados pela data. Uma mulher morreu e dez pessoas ficaram feridas num ataque que ocorreu num terminal de autocarros em Beer Sheva, no Sul de Israel – o autor foi morto pela polícia.
Na habitual missa de domingo no Vaticano, o Papa Francisco apelou a um dia de oração e jejum para assinalar o aniversário do ataque em Israel, não deixando de pedir um “cessar-fogo imediato em todas as frentes”. “Desde aquele dia que o Médio Oriente caiu num sofrimento pior por causa das acções destrutivas que continuam a atingir o povo palestiniano. São sobretudo os civis inocentes [as vítimas], e devem receber a necessária ajuda humanitária”, afirmou.