Palcos da semana: A Família, a ecologia e inquietações iminentes
Nos próximos dias, os Cassete Pirata fazem-se aos clubes, o Iminente toma conta de um jardim, o Folio lê Inquietação, o FIMP manipula emoções e o melhor ambiente está no CineEco.
Ocupação de jardim Iminente
Tão irrequieto quanto a cultura urbana que representa, o Iminente volta a trocar de poiso. O festival que começou em 2016, em Oeiras, por artes de Vhils e da Underdogs, e que no ano passado se concentrou à beira-Tejo na Praça do Comércio (para não falar nos sítios que ocupou entretanto), estreia-se este ano “no meio de árvores, plantas e pavões”, descreve a organização.
É na moldura verde dos jardins do Museu de Lisboa que dá a ouvir música de todo o tipo: Afrokillerz, Cintia, Dealema, Sam the Kid, Shaka Lion, Puçanga, Violeta Azevedo, Yung Singh e muitos outros. Fora de palco, manifestam-se as artes visuais do francês Maotik, da compatriota Sara Sadik, da australiana Lauren Moffat e, directamente da linha de Sintra, do colectivo Unidigrazz.
Ao programa também são bem-vindos os resultados do projecto Residências, entregue a três grupos: Batida, Carlota Lagido, Shahd Wadi e Carin Geada; Lila Fadista, Piny e Vês Três; e Xullaji, Gaya de Medeiros e MaisMenos. É jardim para expor também as intervenções em Bairros nos últimos meses, em formas artísticas que podem ir da dança para maiores de 65 até à gastronomia em modo Cozinha Verde.
Marionetas de luz e sombra
O FIMP - Festival Internacional de Marionetas do Porto chega à 35.ª edição com um programa “particularmente desafiante” – palavra de Igor Gandra, o director artístico. Pode levar-nos “a atravessar zonas bastante obscuras”, avisa. Mas também nos reserva “preciosos raios de luz e de esperança”, contrapõe.
Neste “jogo de claro-escuro”, norteado pela tríade temática Existir. Resistir! Desistir…, entram 14 companhias, oriundas de Portugal (a maioria), Bélgica, França, Inglaterra e Líbano.
Entre os momentos mais aguardados está a vinda do Collectif Kahraba com o barro modelado ao vivo em Géologie d'Une Fable. Atenção também a Kim Noble e uma potencialmente perturbadora Lullaby for Scavengers e a Kate McIntosh a meter os sentidos (dela e da plateia) In Many Hands.
No contingente nacional, o Capital Canibal da Sonoscopia e do Teatro de Ferro, a Próxima Estação da Limite Zero e os Dramas Curtos em Miniatura d'A Tarumba são estreias a não perder.
Nas linhas da inquietação
Depois de se ter deixado levar pelo Risco em 2023 – a primeira vez que abriu portas sem o fundador José Pinho (1953-2023) –, é com Inquietação que o Folio abre o livro da sua nona edição. E com “o programa mais vasto de sempre”, assegura a organização, a somar cerca de 600 iniciativas abraçadas pelas muralhas de Óbidos e instaladas em livrarias, igrejas, ruas e outros lugares do burgo medieval.
Anna Kim, Conceição Evaristo, Hanna Bervoets, Irene Vallejo, Maaza Mengiste, Eleanor Catton, Ricardo Araújo Pereira e Scholastique Mukasonga estão entre os autores convocados. À folia literária, que este ano se entrelaça com as comemorações do cinquentenário do 25 de Abril e com os 500 anos do nascimento de Camões, juntam-se exposições, masterclasses, concertos (de Luta Livre, Nancy Vieira, Batida e outros), teatro, actividades para crianças e muitas mais.
Do Cerromaior a Oliver Stone
Antes de mais, A Pedra Sonha Dar Flor num cineconcerto do realizador Rodrigo Areias e do compositor Dada Garbeck. É a abertura oficial do 30.º CineEco - Festival Internacional de Cinema Ambiental da Serra da Estrela, um dos mais antigos do género a nível mundial. Do encerramento tratará o documentário Energia Nuclear Já!, de Oliver Stone.
Apostado em revelar “novas perspectivas e narrativas sobre os desafios enfrentados pelo planeta, habitats e espécies”, o festival serrano exibe um total de 64 filmes vindos de 27 países, entre secções competitivas, ciclos e sessões especiais.
Também se entrega a clássicos como Trás-os-Montes, de António Reis e Margarida Martins Cordeiro, e Cerromaior, de Luís Filipe Rocha, nas versões digitalizadas pela Cinemateca. Exposições, instalações, apresentações de livros, encontros e conversas são outras actividades em cartaz.
Cassete em família
Traz Promessas, A rotina e Primavera. Tanto solta um Nem quero saber como confessa que Tens o meu coração. Finca o pé em terrenos conhecidos, mas envereda por novos territórios. N’A Família dos Cassete Pirata cabem todo o tipo de sentimentos. É o terceiro álbum da banda de João “Pir” Firmino, Margarida Campelo, Joana Espadinha, António Quintino e João Pinheiro.
O sucessor d’A Montra (2019) e d’A Semente (2021) resulta de um “check-up emocional”, resumem os próprios, “onde arriscámos mais na energia e onde também descobrimos o nosso lado mais suave.” Agora, partem para a partilha ao vivo, numa digressão que vai gozar do ambiente intimista – e, sim, familiar – de clubes pelo país.