O que é a arte?, perguntámos a fechar a conversa com Carlos Bunga. "A arte é uma questão de vida. É uma espécie de oxigénio, medicamento, um bem essencial de que necessitamos, que nos pode curar. A arte a mim salvou-me, ajudou a que a vida ganhasse um sentido. Salvou-me a mim e pode salvar-nos a todos. Ensina-nos valores que são a base de uma sociedade democrática: a tolerância, saber aceitar o diferente, estar aberto à criatividade, às emoções. Quando a retórica está a sequestrar a nossa democracia, a arte — a pintura, a poesia, a dança — é uma outra maneira de comunicar, uma plataforma de resistência e de esperança."

Artista nómada, Carlos Bunga vive um momento de viragem. Têm sido cheios os dias do português que vive em Barcelona: nova exposição em Lisboa, individual em Inglaterra e viagem iniciática a Angola.

 
           
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          Silêncio… que se vão ouvir novos talentos!

Desde 2017 que o Prémio Novos Talentos Ageas dá visibilidade e reconhecimento a jovens músicos de elevado potencial.

         
           
 

Há mudanças na obra que faz: o negro chegou – podemos comprová-lo na exposição Silêncio, que está na Galeria Vera Cortês, em Lisboa. Há outras mudanças: aos 48 anos, sente agora mais facilidade em falar da sua biografia não artística.

O melhor é ler o trabalho de capa desta edição, assinado por Isabel Salema, que acompanhou o artista em Lisboa e Barcelona.

No Gerês e em Mértola, a escritora espanhola Layla Martínez ouviu histórias parecidas com as de Caruncho, romance que é um fenómeno literário: de avós e de tias das leitoras portuguesas; de casas assombradas em cada aldeia; de benzedeiras e almas penadas; e do que mudou desde o Estado Novo. O projecto Sementes de Dissidência, da editora Antígona, levou o romance da espanhola ao interior de Portugal (e à Galiza), com a ajuda de associações locais que dinamizaram leituras e discussões.

Layla Martínez não está sozinha nas letras espanholas ao explorar temas ligados às aldeias esvaziadas e uma linguagem não-urbana. Chamam a esta corrente literária neo-ruralismo e associam-lhe nomes como os de Irene Solà, Olga Merino, Andrea Abreu e Sara Mesa.

Após a morte da companheira de uma vida e parceira nos Low, Mimi Parker, Alan Sparhawk mergulhou em caixas de ritmos, sintetizadores e efeitos vocais — para fugir de si e da sua dor quotidiana. Mas ela está toda em White Roses, My God

A democracia dançada de Sasha Waltz é um lugar de felicidade. A partir da peça de Terry Riley In C, fundadora do minimalismo, a coreógrafa alemã criou uma obra homónima feita de uma leveza e de uma esperança contagiantes. Em Guimarães e Lisboa, sábado e nos dias 10 e 11.

Também neste Ípsilon:

– Filmes: Joker: Loucura a Dois; a tripla By Flávio, Um Caroço de Abacate e As Sacrificadas; Mãos no Fogo; Sobreviventes; e Filhos;

– Livros: A Armadilha Identitária, de Yascha Mounk (que entrevistámos); Sobre Franz Kafka, de Max Brod; e A Parede, de Marlen Haushofer;

Música: Cutouts, dos The Smile, e o podcast sobre os falsos Zombies, "a vigarice mais estranha do rock".

E não só. Boas leituras!


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