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Furacão Helene: casas e recordações foram levadas pelas águas nos EUA
Após a passagem do furacão Helene, os Estados Unidos registaram perto de 100 mortes. O país começa agora a limpar a destruição causada pela tempestade.
Os ventos, a chuva e a tempestade mataram pelo menos 90 pessoas na Carolina do Norte, Carolina do Sul, Geórgia, Florida, Tennessee e Virgínia, de acordo com uma contagem da Reuters de agentes locais. As autoridades dos EUA temiam que mais corpos fossem descobertos após a passagem do furacão Helene.
Com as torres de telemóveis desligadas em toda a região, centenas de pessoas ainda não conseguiram contactar os seus familiares. As estimativas dos prejuízos ascendem aos vários milhares de dólares, segundo avançaram as seguradoras e os meteorologistas durante o fim-de-semana, uma vez que foram afectados os sistemas de água, as comunicações e as vias de transporte essenciais. Na Carolina do Norte, quase todas as mortes ocorreram no condado de Buncombe, onde morreram 30 pessoas, disse o xerife Quentin Miller numa videoconferência com os jornalistas.
As ruas da pitoresca cidade de Asheville ficaram submersas nas águas das cheias. “Esta é uma catástrofe devastadora de proporções históricas”, disse o governador Roy Cooper à CNN. “As pessoas com quem falo no oeste da Carolina do Norte dizem que nunca viram nada como isto.”
Segundo a Reuters, equipas de busca e salvamento de 19 estados e do governo dos EUA convergiram para o estado, disse Cooper, acrescentando que algumas estradas poderão levar meses a reparar.
Em Flat Rock, na Carolina do Norte, registaram-se apagões generalizados e as pessoas esperaram horas na fila para comprar mantimentos. “As mercearias estão fechadas, o serviço de telemóvel não funciona”, disse Chip Frank, 62 anos, ao entrar na sua terceira hora de espera na fila. “Tudo depende destas estações de serviço. Não se pode ir a lado nenhum e é uma sensação assustadora”.
Cerca de 2,7 milhões de clientes em todo o Sul ficaram sem energia no domingo, segundo um funcionário do Departamento de Energia dos EUA. A Carolina do Sul registou 25 mortos, a Geórgia 17 e a Florida 11, de acordo com os governadores destes Estados.
O Presidente Joe Biden tenciona visitar as zonas afectadas esta semana, logo que o possa fazer sem perturbar os serviços de emergência, informou a Casa Branca. A vice-presidente e candidata democrata à presidência, Kamala Harris, planeou interromper uma viagem de campanha no Nevada, na segunda-feira, para participar em reuniões de informação em Washington sobre a resposta ao furacão e visitará a região quando isso não impedir as respostas de emergência, disse um funcionário da Casa Branca.
O candidato presidencial republicano, Donald Trump, visitará Valdosta, na Geórgia, na segunda-feira, para receber informações sobre os danos causados pela tempestade e “facilitar a distribuição de material de socorro”, informou a sua campanha.
O furacão Helene atingiu a costa do Golfo da Florida na quinta-feira à noite, provocando dias de chuva torrencial e destruindo casas que estavam de pé há décadas.
Em Horseshoe Beach, na costa do Golfo da Florida, a cerca de 120 km a oeste de Gainesville, Charlene Huggins examinava os destroços da sua casa destruída pelo vento, retirando um casaco dos escombros no sábado. “Cinco gerações viveram nesta casa, desde a minha avó, o meu pai, eu própria, a minha filha, o meu filho e a minha neta”, disse Huggins, segurando um suporte de vidro lascado para bolos. “Por isso, há aqui muitas recordações. É de partir o coração.”
Não muito longe, James Ellenburg estava na propriedade onde a sua própria família vive há quatro gerações. “Dei o meu primeiro passo aqui mesmo, neste pátio.” O telhado de uma casa estava na terra, com as paredes destruídas.
Na costa de Steinhatchee, uma vaga de tempestade - uma parede de água do mar empurrada para terra pelos ventos - de 2,4 a 3 metros deslocou casas móveis, segundo o serviço meteorológico. Noutras zonas, a tempestade atingiu uma altura de 4,5 metros.
Na pequena comunidade vizinha de Spring Warrior Fish Camp, as pessoas estavam a avaliar os danos no sábado e ainda à espera de ajuda de emergência ou de socorristas. “Ninguém pensa em nós aqui”, disse David Hall, enquanto ele e a mulher escavavam entre ervas marinhas e peixes mortos no escritório do hotel de que eram proprietários. Muitas das casas da comunidade são construídas sobre palafitas, devido a uma lei local, e sobreviveram aos graves danos.
Kristin Macqueen estava a ajudar amigos a limpar depois de a sua casa ter sido destruída na vizinha Keaton Beach. “É uma devastação total”, disse ela. “As casas foram simplesmente arrancadas das suas lajes.”