Quem vai a Menorca não vai só uma vez
“Espero, num futuro próximo, regressar para poder desfrutar desta verdadeira pérola no coração do Mediterrâneo”, escreve a leitora Anabela Soares a propósito da ilha das Baleares.
As Baleares continuam a seduzir turistas que, como eu, se deixam encantar por praia, de uma maneira geral, tanto mais se a temperatura da água exceder os habituais 16/17 graus centígrados do Atlântico no litoral Norte do país. A escolha recaiu em Menorca, até então desconhecida, no entanto um almejado destino da minha listagem de “fugas” a concretizar.
Chegar a Mahón de noite e rumar a Cala Blanca de automóvel permite perceber a dimensão da ilha, que não excede os 701 km², valor inversamente proporcional à sua estonteante beleza, que chega a provocar palpitações nos corações mais incautos.
Cala Blanca fica a cinco quilómetros de Ciutadella. A praia é pequena e cercada por pedras baixas, as águas são límpidas e calmas, há pinheiros a ladear a praia e um pequeno sistema dunar nas traseiras, as casas e os hotéis situam-se nas proximidades. É o local perfeito para o “baptismo” em saltos para a água, ainda que sem piruetas, uma fantástica aventura a reter na memória. Ao fundo, uma imensidão de rochedos a ser percorridos cuidadosamente para assistir ao sublime pôr do Sol, um verdadeiro deslumbre para a alma.
O calor não foi impeditivo de um passeio a pé à praia vizinha, Santandria, que surge como uma visão agradável ao virar de uma esquina, convidando a mais um banho para refrescar e nadar na companhia de uma ninhada de patos liderada pela progenitora. Pelo caminho, uma praça de nome Mirador del Sol, perfeita para contemplar o crepúsculo e deixar-se embalar pela magia do momento.
A visita à cidade de Ciutadella, outrora a capital de Menorca, não se fez esperar, e o convite a um passeio a pé para conhecer os imponentes edifícios (a Catedral de Santa Maria de Menorca, a Torre do Castelo de San Nicolás, a Câmara Municipal), as praças, o mercado do peixe, o magnífico porto, este a ser preferencialmente visitado ao anoitecer. Houve ainda tempo para conhecer uma exígua, mas encantadora, praia — Sa Farola — que, não sendo vigiada, oferece segurança suficiente para uns bons mergulhos e saltos para a água, desta vez na companhia de pequenos peixes.
A cereja no topo do bolo desta viagem foi a Cala Macarelleta. Para os aficionados por praias naturais, como é o meu caso, esta foi, indubitavelmente, a que arrancou os maiores suspiros, causados pelos tons das águas cristalinas e pela simbiose perfeita entre a natureza e a quase inexistente acção humana. Para lá chegar, é necessário caminhar uns bons minutos, passando-se primeiramente pela Cala Macarella, esta já mais ampla, com o horizonte ponteado a veleiros e outras embarcações, conferindo-lhe o aspecto pitoresco, tão apreciado por quem procura pequenos paraísos como este, e ao qual nem as pequenas cabras montesas resistem.
Muito ficou por conhecer, porém, como acredito que “quem vai a Menorca não vai só uma vez”, espero, num futuro próximo, regressar para poder desfrutar desta verdadeira pérola no coração do Mediterrâneo.
Anabela Soares