António Costa em périplo pelas capitais da UE antes de assumir presidência do Conselho Europeu
Antes da tomada de posse, a 1 de Dezembro, o presidente eleito do Conselho Europeu vai discutir as suas prioridades para o mandato com os chefes de Estado e governo da UE.
O presidente eleito do Conselho Europeu, António Costa, viajará na próxima semana para Budapeste, Varsóvia e Madrid, numa intensificação dos contactos políticos com os chefes de Estado e governo da UE que se prolongará durante todo o mês de Outubro e início de Novembro, para discutir questões relacionadas com a gestão daquele órgão político – nomeadamente o que pode ser feito para melhorar o seu funcionamento no mandato que arranca a 1 de Dezembro.
Os encontros, que não serão secretos mas permanecerão discretos, com os primeiros-ministros da Hungria, Viktor Orbán, e da Polónia, Donald Tusk, e com o presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, serão uma primeira oportunidade para trocar ideias sobre as áreas que António Costa definiu como as grandes prioridades para o seu mandato, por considerar que são “estruturais” para a UE.
Em primeiro lugar, está a manutenção do apoio incondicional à Ucrânia nas suas múltiplas dimensões. Depois, o desafio do alargamento. E por último, a projecção da UE no mundo como um actor global: o presidente eleito do Conselho Europeu quer que a UE passe a ter uma voz preponderante na defesa das reformas do sistema multilateral e na execução do Pacto para o Futuro que acabou de ser aprovado nas Nações Unidas.
Mas a ronda de contactos servirá também para discutir as matérias mais prementes na agenda europeia, desde o “reset” nas relações com o Reino Unido (o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, estará em Bruxelas na próxima quarta-feira), às ideias apresentadas por Mario Draghi no seu relatório sobre o “Futuro da Competitividade Europeia”, à inevitável questão das migrações.
Costa deu início ao périplo de visitas às capitais em Julho, um mês depois de ter sido eleito presidente do Conselho Europeu. Não por acaso, a primeira paragem foi em Roma: a primeira-ministra de Itália fora a única a votar contra a sua nomeação. Uma oposição que, esclareceu Giorgia Meloni, nada teve de pessoal: tratou-se de marcar uma posição política de desagrado pela forma como foi excluída das negociações dos cargos de topo das instituições europeias.
Na semana anterior, tinha passado por Estrasburgo, onde se reuniu com a recém reeleita presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, e com o grupo dos Socialistas & Democratas, na véspera da votação da nomeação da líder do executivo comunitário, Ursula von der Leyen, para um segundo mandato de cinco anos.
Antes de deixar o cargo de primeiro-ministro, António Costa tinha por diversas vezes defendido a manutenção da alemã à frente da Comissão Europeia. Os dois têm uma excelente relação pessoal – ao contrário do que acontece agora com Von der Leyen e Charles Michel –, e segundo o PÚBLICO apurou, já concordaram em manter reuniões de articulação política semanais (ou se não for possível, quinzenais).
Depois da pausa para as férias de Verão, o presidente eleito do Conselho Europeu – que já está instalado em Bruxelas – retomou esta semana a ronda de contactos com os líderes, reunindo com o primeiro-ministro em exercício da Bélgica, Alexander De Croo, e com chefe do Governo do Luxemburgo, Luc Frieden.
As viagens da próxima semana a Budapeste e Varsóvia têm uma lógica por detrás: a Hungria detém a presidência do Conselho da União Europeia até ao final deste ano, e a Polónia assumirá essa responsabilidade no dia 1 de Janeiro de 2025. Segundo a secretária de Estado para os Assuntos Europeus, Agnieszka Bartol-Saurel, o tema da segurança estará no topo da agenda de trabalho da presidência polaca. Os pontos seguintes no itinerário estão a ser marcados em função da logística e das disponibilidades de agenda dos líderes.
Em paralelo, em Bruxelas, prossegue o trabalho de constituição da sua futura equipa no Conselho Europeu. Por enquanto, o gabinete de transição está a operar como uma “mini start-up” de três pessoas: o futuro chefe de gabinete, Pedro Lourtie, que até Agosto era o representante permanente de Portugal junto da UE; o chefe de gabinete adjunto, David Oppenheimer, que era o assessor diplomático de António Costa até à demissão do Governo, e um assistente.