O bairro de Calhariz de Benfica ganhou um novo edifício de três pisos, num tom branco, bordeaux e amarelado, que será casa de estudantes universitários, professores e investigadores. A Residência Universitária do Calhariz – Benfica é inaugurada esta quarta-feira e pretende ser mais do que um dormitório com capacidade para 120 pessoas. O equipamento gerido pela Junta de Freguesia de Benfica será um espaço para os moradores da zona, que poderão usar o ginásio ou o auditório.
Situada na Estrada do Calhariz de Benfica, junto à estação de caminhos-de-ferro, a residência começou a ser construída em Fevereiro deste ano e teve um financiamento de cerca de quatro milhões de euros do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). “Este local parecia-nos o mais adequado pela proximidade ao comboio. Estamos a dois minutos da estação de Benfica”, considera Ricardo Marques (PS), presidente da junta, que conta que este projecto começou a ser idealizado há cerca de três anos. Em Benfica, existiam residências de estudantes privadas, mas esta será a primeira pública. Há ainda outra particularidade: será a primeira em Portugal a ser construída e gerida por uma junta de freguesia.
Esta terça-feira, no interior do edifício, tratavam-se dos últimos pormenores, das arrumações e das limpezas – afinal, os estudantes começam a visitar o espaço ainda esta semana e prevê-se que se instalem a partir da próxima segunda-feira. No rés-do-chão fica o refeitório, a zona de estar, a cozinha, uma pequena zona de bar, o auditório, uma sala de estudo, uma sala de reuniões, a lavandaria e o ginásio. “Queremos que haja vida neste andar e que o sonho dos jovens seja viver em Benfica”, afirma Ricardo Marques, enquanto nos guia por este e por outros andares do espaço. Na parte exterior da residência, há também um terraço.
Quanto ao dormitório, há 15 quartos duplos, 12 individuais, seis para pessoas com mobilidade reduzida e 12 apartamentos, tendo, cada um deles, três quartos duplos. Entre as 120 camas disponíveis, 70 estão reservadas para bolseiros e dez para professores e investigadores. Há ainda dez que a junta de freguesia guardou para atribuir a atletas de clubes locais. Também foram feitos protocolos com algumas instituições de ensino superior, como o Instituto Politécnico de Lisboa, que está sediado em Benfica, e tem 82 vagas nesta residência.
Os preços dos quartos variam entre os 89,12 euros mensais, para os bolseiros, até aos 463,43 euros, para professores e investigadores. Patrícia Ameixial, responsável pela Residência Universitária do Calhariz – Benfica, destaca que este equipamento faz parte da solução para o actual problema da habitação: “Tudo o que seja feito para ajudar as pessoas a conseguirem deslocar-se e estudar é importante.”
A inauguração da residência será feita a partir das 18h desta quarta-feira e terá a presença do presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas (PSD), de acordo com Ricardo Marques. O convite do presidente da junta é feito também a todos os moradores desta zona da freguesia, pois parte do equipamento será para eles. Esta é a área mais envelhecida da freguesia e a residência de estudantes faz parte de um plano para a rejuvenescer. Os moradores do Calhariz Velho terão assim um cartão para entrar na residência e poder usar, gratuitamente, o ginásio ou o auditório. “Esperamos que seja uma zona de coexistência entre os moradores e os alunos”, prevê Ricardo Marques.
O presidente da junta de freguesia adianta ainda que esta é uma zona de Benfica que tem tido menos investimento público e que pretende que isso mude. Neste momento, estão a ser investidos cerca de 15 milhões nesta área da freguesia, o que inclui, além da residência, um projecto com 58 apartamentos de renda acessível, uma creche, arruamentos, um parque de skate, um pequeno campo de jogos, uma ciclovia, a reabilitação do casco histórico e construção do largo da aldeia do Calhariz Velho de Benfica. “A ideia é ter equipamentos que tragam população nova, que criem uma nova centralidade e que apoiem a restauração. A residência é o primeiro passo para isso”, assinala Ricardo Marques.