São 15 mil ursinhos de peluche, dispostos lado a lado, em fileira. Ocupam o chão da praça Barahat Msheireb, em Doha, no Qatar. Cada um deles tem como base um bloco de cimento – metade desse bloco pintado de vermelho – e cada um enverga uma t-shirt preta com o desenho de uma melancia onde se pode ler “Não sou só um número, sou um humano. Com identidade. Com casa. Sou Palestina”.
Cada urso representa uma criança morta na guerra em Gaza, uma espécie de memorial da autoria de Bachir Mohamad, 41 anos, designer e artista de origem síria e libanesa que vive no Qatar desde 2012. A instalação chama-se Echo of Lost Innocence (ou “Eco de uma inocência perdida”) e poderá ser visitada até ao dia 26 de Setembro.
O objectivo é mostrar que as vítimas não são só números: “Sei que o número de objectos que podemos ver aqui, o número de esculturas, é muito grande, mas não é nada comparado com o que está a acontecer actualmente na Palestina e especialmente em Gaza. Enquanto artista, é assim que eu posso ajudar”, disse, citado pela Al-Jazeera.
Cada urso está à venda: custam 100 riais do Qatar, o equivalente a 24 euros. O valor arrecadado vai ser doado às crianças de Gaza, através da Qatar Charity, uma organização não-governamental que está actualmente a promover uma campanha de ajuda a Gaza – querem fazer chegar aos palestinianos comida, água limpa, “abrigo e cuidados médicos, para fazer face às necessidades mais urgentes e aliviar o sofrimento”.
Bachir Mohamad diz que, actualmente, o esforço por “libertar a Palestina do genocídio que está a acontecer por causa da ocupação de Israel” tem “mais que ver com humanidade” do que com o facto de ser um “país árabe ou islâmico”.
De acordo com as autoridades sanitárias palestinianas, já morreram 41 mil pessoas desde o início da campanha militar de Israel e, dessas, pelo menos 11.355 são crianças. Este é um número que pode ser conservador: o balanço feito em Agosto deste ano pelas autoridades locais, dava conta de 16.400 crianças mortas em Gaza, incluindo 115 bebés.