Ibrahim Aqil, o comandante histórico do Hezbollah eliminado por Israel que também era procurado pelos EUA
Aqil era procurado há décadas pelos Estados Unidos pela morte de mais de 300 pessoas nos atentados de 1983 em Beirute. Terá sido morto esta sexta-feira num ataque israelita.
O bombardeamento israelita desta sexta-feira a Beirute, no Líbano, tinha como principal alvo um comandante de operações do Hezbollah. Ibrahim Aqil, de acordo com as informações avançadas, terá sido morto durante uma reunião de membros da Unidade Radwan, um corpo de elite dentro do grupo terrorista apoiado pelo Irão.
Nascido no Líbano algures durante a década de 60, Ibrahim Aqil era procurado há vários anos pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos devido a suspeitas do seu envolvimento em dois ataques bombistas com camiões em Beirute, em 1983, que mataram 63 pessoas na embaixada norte-americana e outras 307 num quartel de uma força internacional de manutenção de paz, vitimando 241 militares norte-americanos.
Os EUA acusavam ainda Aqil de orquestrar o rapto de reféns americanos e alemães no Líbano. As suspeitas resultaram na sua inclusão, em 2019, na lista de Terroristas Globais Especialmente Designados, colocando a sua cabeça a prémio por sete milhões de dólares (cerca de 6,3 milhões de euros).
Um dos principais líderes do Hezbollah, Aqil terá sobrevivido ao longo dos anos a várias tentativas de assassinato por parte das forças israelitas – a última das quais esta semana. Segundo a Al-Jazeera, foi um dos feridos na operação israelita com pagers que matou nove pessoas e feriu mais de 2750 no Líbano. Citando o jornal israelita Haaretz, o meio de comunicação árabe refere que o comandante teve alta do hospital esta sexta-feira.
O jornal The New York Times recua mais de 20 anos para recordar uma outra tentativa: em 2000, helicópteros israelitas dispararam mísseis contra o carro de Aqil, num ataque para vingar a morte de um comandante de uma milícia pró-israelita no Sul do Líbano. O responsável do Hezbollah escapara então com ferimentos ligeiros.
Citado pelo jornal norte-americano, um antigo militar israelita, Assaf Orion, diz que Aqil era o principal responsável pelo aparelho militar do Hezbollah, tendo participado em “vários” ataques contra israelitas.
A morte do comandante xiita é um duro golpe na estrutura do Hezbollah e acontece poucos meses depois do assassínio de Fuad Shukr, um outro comandante do Hezbollah que era tido como o próximo do líder do grupo e que também foi morto nos arredores de Beirute.
Aqil, que também era conhecido pelos pseudónimos Tahsin e Abdelqader, estaria ligado ao Hezbollah praticamente desde a sua fundação – a Reuters diz até que é um dos membros fundadores do grupo libanês, depois de inicialmente ter sido militante do Amal, um outro movimento xiita libanês.
Tendo liderado as forças de combate da milícia no Sul do Líbano no início do milénio, Ibrahim Aqil era visto como um dos principais responsáveis pela transformação do Hezbollah, uma milícia obscura, na organização militar e política mais poderosa do Líbano.