Porto impediu corte do túnel do Campo Alegre. Alternativa custa abate de 30 árvores

Metro do Porto queria suspender temporariamente trânsito para instalar Linha Rubi. Câmara Municipal opôs-se, o que levou a desvio da circulação e remoção de dezenas de árvores.

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Autarquia entende que túnel do Campo Alegre é essencial para aceder à cidade e recursou o corte temporário proposto pela Metro do Porto Paulo Pimenta
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Quando se estava a preparar a intervenção para construir a Linha Rubi da Metro do Porto, o município colocou uma condição da qual não abdica: as obras não poderiam levar à interrupção da circulação no túnel do Campo Alegre. Para cumprir a exigência, a Metro do Porto teve de alterar o projecto e remover um acesso à futura estação do Campo Alegre, do lado da Faculdade de Letras. Agora, sabe-se também que o desvio de trânsito que serve de alternativa ao corte do túnel vai levar ao abate de 30 árvores.

O número foi avançado pelo presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira, na Assembleia Municipal de segunda-feira à noite. Questionado pela representante do Bloco de Esquerda, Susana Constante Pereira, a propósito do corte de 99 árvores naquela zona noticiado pelo PÚBLICO, o autarca respondeu que “o desvio temporário da via não custa” 99 árvores. “Custará, no máximo, 30 árvores”, disse.

Em Julho, a Metro do Porto deu entrada na autarquia com um pedido de abate de 99 árvores, um número muito superior às 38 inicialmente indicadas na Avaliação de Impacte Ambiental, ainda que a conta fosse indicativa.

Ao PÚBLICO, a Metro do Porto explicou a diferença com a incorporação de “alterações relativas aos desvios de trânsito que asseguram a fluidez do trânsito e evitam o encerramento temporário de vias rodoviárias no túnel do Campo Alegre, como acordado com a Câmara Municipal do Porto”. Notava ainda que o parecer de avaliação de impacte ambiental “foi emitido sobre o estudo prévio, como sempre sucede”.

Na Assembleia Municipal, Rui Moreira voltou a defender a posição de impedir o encerramento do túnel do Campo Alegre, “uma entrada e saída fundamental da cidade do Porto” e lamentou que a autarquia não tenha sido tida nem achada antes da emissão da decisão de impacte ambiental.

Apesar da dimensão do abate, o autarca diz que está prevista a plantação de 187 árvores, como medida compensatória. Reconhece, no entanto, que vai levar anos até que estas tenham uma dimensão semelhante. Para a instalação da Linha Rubi, que vai ligar a Casa da Música, no Porto, a Santo Ovídio, vão ser abatidos carvalhos, tílias, áceres e plátanos, além de outras espécies.

Na zona de intervenção está ainda situado uma canforeira de grandes dimensões classificada como árvore de interesse público. O exemplar desta espécie que é rara na cidade do Porto bordeja a Via Panorâmica e tem 21 metros de altura. Um levantamento contratado pela Metro do Porto mostra que parte da copa de 20 metros de diâmetro vai ficar dentro da faixa de 25 metros em relação ao eixo da linha de metro, mas a árvore não vai ser abatida.

Fonte oficial da Metro do Porto refere ao PÚBLICO que estão previstas medidas especiais de protecção para este exemplar classificado e explica que o estado da árvore é monitorizado semanalmente de forma presencial.

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