Queimar depois de sair do frio

Em mais do que um aspecto, a espionagem tornou-se análoga à publicidade: só necessária porque a concorrência também a usa.

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“Será o fim da história de espionagem?” A interrogação — que hoje parece apenas mais um remoto e incompreensível artefacto dos anos 90, como o modem ou a camisa de flanela — costumava aparecer com frequência em suplementos culturais. Como outras drásticas ansiedades da década, era uma resposta directa à queda do Muro de Berlim e ao fim oficioso da Guerra Fria: o que aconteceria a todos aqueles enredos pré-mobilados com agentes duplos, passaportes triplos, toupeiras, traições e papel de parede soviético agora que o mundo os tornara subitamente supérfluos?

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