Lenovo aposta na IA (e na variedade) para continuar a liderar o mercado dos PC
A gigante Lenovo apresentou as novas linhas de computadores com capacidade de executar processos de inteligência artificial. O resultado final é algo confuso, mas, contas feitas, ganhamos todos.
O frenesim da inteligência artificial (IA) tem porventura a sua face mais visível no mercado dos telemóveis, mas opera-se nos computadores pessoais idêntica e importante mudança.
Demonstração disso foi o empenho da Lenovo em levar mais de uma centena de jornalistas para apresentar em Berlim, na semana da IFA — a grande feira anual de tecnologia na Europa — novos PC de uso doméstico e empresarial, com a IA como foco. A tecnologia, tal como acontece nos telemóveis, está a ser implementada paulatinamente, com a Lenovo a garantir que toda a nova linha tem capacidade computacional para processar tarefas de inteligência artificial.
Este é o ponto comum, depois, torna-se mais difícil compreender. Isto porque os novos modelos da Lenovo (Yoga, IdeaPad, ThinkPad e ThinkBook) estão disponíveis com diferentes especificações e com três processadores diversos: AMD, Intel e Qualcomm (Snapdragon X). Pois então, qual escolher? O dilema faz-nos lembrar O Paradoxo da Escolha, do psicólogo norte-americano Barry Schwartz, que se debate com a incapacidade de se decidir por um par de calças de ganga perante a enormidade da oferta.
A marca aposta em oferecer opções de escolha, dizem-nos, porque os processadores têm características diferentes que se enquadram melhor ou pior no tipo de tarefa que se quer desempenhar. Uns são mais vocacionados para o meio empresarial (ThinkPad, ThinkBook), outros para uma utilização, digamos, mais recreativa (Yoga, IdeaPad).
A partir daqui, há que contar com as preferências de cada um, se as souber identificar; há quem prefira um chip da Intel, há quem ache que Snapdragon é coisa só de telemóveis — ainda que essas decisões sejam, tantas vezes, mais do foro emocional do que racional, já que todas as máquinas nos pareceram igualmente ágeis.
Ultrapassada esta estranheza, é relevante dizer que são computadores bem construídos. De um lado, o conhecido ThinkPad, “máquina de guerra” robusta; do outro, o ThinkBook, mais aprumado; o IdeaPad é prático, porque é um PC com um ecrã que roda 360º e se transforma num tablet; e o Yoga, fino e mais arredondado, parece piscar o olho a um público mais jovem — consulte as especificações técnicas dos novos equipamentos no site da Lenovo.
O Innovation World 2024 em Berlim foi ainda palco para a apresentação de um conceito a que chamaram Lenovo Auto Twist. Trata-se de um computador cujo ecrã roda nos dois eixos (ou seja, para cima e para baixo, para a direita e para a esquerda) de acordo com a posição do utilizador. É inegável que dá nas vistas.
A chinesa Lenovo é a maior fabricante mundial de computadores pessoais, com uma quota de mercado de quase 25%, de acordo com dados de 2023 disponíveis no Statista. O gigantismo da sua posição permite-lhe associar-se simultaneamente aos principais produtores mundiais de chips, explorando nessas parcerias as vantagens possíveis para os modelos dos diferentes segmentos.
E pouco ou nada importa para nós, consumidores, a luta que existe entre essas marcas, que “usam” a Lenovo para demonstrar a capacidade tecnológica. A Intel, por exemplo, apresentou também esta semana em Berlim o novo processador Intel Core Ultra 200V, que promete morder os calcanhares das concorrentes Qualcomm e AMD. A inteligência artificial revelou-se um combustível poderoso para a inovação e para a concorrência.
O Lenovo Innovation World decorreu à margem da IFA, tal como tem vindo a acontecer com outras grandes marcas (Samsung, Xiaomi, Microsoft, Google), que optam por destacar o lançamento de novos produtos fora da “confusão” do certame que enche a Messe de Berlim. A feira decorre entre 6 e 10 de Setembro.
O PÚBLICO viajou a Berlim a convite da Lenovo