Navarro congelou Gauff, Borges derreteu perante Medvedev
Norte-americana imitou uma proeza de Serena que remonta a 2004. Número um português acusou “maratona” anterior.
Discreta é o melhor adjectivo que se pode colar a Emma Navarro. Mas os resultados que a tenista americana tem conseguido durante o Verão têm-na colocado no centro das atenções. No sétimo dia do US Open, Navarro tornou-se a primeira americana a derrotar a campeã vigente desde Serena Williams em 2002, ao eliminar Coco Gauff. As celebrações do feito de Navarro que a colocam dentro do top 10 foram contidas: não foi por acaso que os tios lhe colocaram na infância a alcunha de “Ice Girl”.
Oito semanas depois de eliminar Coco Gauff nos oitavos-de-final de Wimbledon, Navarro voltou a derrotar a compatriota na mesma fase do US Open. E podia ter vencido em dois sets, tal como em Wimbledon, mas não aproveitou quando serviu a 4-3 (30-0). Apesar da reacção de campeã e de ter ganhado três jogos consecutivos, Gauff voltou a baixar o nível exibicional, traduzido nos 60 erros não forçados, incluindo 19 duplas-faltas, das quais 11 no terceiro set. E, após 2h12m, a americana de 20 anos cedeu: 6-3, 4-6 e 6-3.
A carreira de Navarro tem sido feita em sentido ascendente desde que deixou o circuito universitário dos EUA, onde se sagrou campeã em singulares, em Maio de 2021. Seis meses depois, ganhou o primeiro título profissional, no ITF Tour, e, em Março de 2022, entrou no top 200. As melhorias na condição física ajudaram-na a subir no circuito profissional nos últimos dois anos até chegar ao 12.º lugar do ranking.
Navarro é a mais nova americana a chegar aos “quartos” de Wimbledon e US Open na mesma época desde Serena, em 2004, e é a tenista com mais presenças este ano em quartos-de-final em torneios realizados em hardcourts, com sete, ultrapassando Elena Rybakina. E, relutantemente, admite ser candidata ao título: “Acho que no fundo acredito nisso. Estou quase hesitante em dizer, porque é uma coisa assustadora.”
Para chegar às meias-finais, Navarro terá de ultrapassar a espanhola Paula Badosa (29.ª), com quem partilha a cidade de nascimento: Nova Iorque. “Nos últimos dois anos perdi na primeira ronda; agora, estou nos quartos-de-final, é uma loucura. É a cidade onde nasci. É muito especial jogar aqui”, frisou.
A jornada terminou com mais um recorde no US Open. Na reedição da última final olímpica, Qinwen Zheng (7.ª) voltou a vencer a croata Donna Vekic (24.ª), por 7-6 (7/2), 4-6 e 6-2, num embate que terminou às 2h15 da madrugada de Nova Iorque, ultrapassando em dois minutos o recorde do torneio do final mais tardio para um encontro feminino. Hoje, Zheng vai tentar vingar a derrota na final do Open da Austrália, em Janeiro, diante de Aryna Sabalenka, que eliminou Elise Mertens (35.ª), por 6-2, 6-4.
À noite, Frances Tiafoe (20.º) ultrapassou o “carrasco” de Novak Djokovic, o australiano Alexei Popyrin (28.º), para marcar encontro com Grigor Dimitrov (9.º), que está nos “quartos” do US Open pela primeira vez desde 2019, após afastar o amigo Andrey Rublev (6.º) também em quatro sets. O mesmo desfecho teve o embate onde Taylor Fritz (12.º) venceu Casper Ruud (8.º) e o confronto em que Alexander Zverev (4.º) eliminou Brandon Nakashima (50.º).
Para Nuno Borges, este US Open será para recordar, apesar de a última exibição ter sido para esquecer. O número um português acusou o desgaste da maratona de quatro horas da ronda anterior e também a estreia no enorme palco do Arthur Ashe Stadium e cedeu em menos de duas horas a Daniil Medvedev (5.º): 6-0, 6-1 e 6-3. O campeão de 2021 actuou em alta rotação desde o primeiro ponto e assegurou a presença nos “quartos” com o vencedor do duelo entre Jannik Sinner (1.º) e Tommy Paul (14.º).
Borges acumulou 51 erros não forçados (metade dos 101 pontos ganhos pelo russo), mas irá sair de Nova Iorque com um novo máximo pessoal, ao figurar no 30.º lugar do ranking.