“Uma madrasta é mais alguém a dar amor, colo, carinho”
As famílias reconstituídas sempre existiram, mas nunca foram tantas. O que significa que nunca houve tantas madrastas (e padrastos). Como se lida com o estigma associado a quem veste estes papéis?
Enquanto crescia, Ana, hoje com 47 anos e que prefere manter a identidade por revelar, tinha uma certeza sobre o que não pretendia para a sua vida: não queria ser madrasta, porque no seu caso o retrato da madrasta da Gata Borralheira encaixava que nem uma luva na sua. Não foi essa a história de Mónica Neves, 48 anos, que, embora sempre tenha mantido uma ligação ao seu pai biológico, se emociona ao relatar a importância que o padrasto (a quem só consegue chamar pai) acabou por ter na sua vida — e ainda tem. Maria, de 47 anos, diz que não se encara como mãe do enteado, que entrou na sua vida quando já tinha dez anos, mas quando lhe perguntam quantos filhos tem diz sempre que “são três”, incluindo-o sem hesitar. Já Inês Neves Rosa, 38 anos, autora do livro infantil A Minha Madrasta (ed. Porto Editora), diz que não foi fácil assumir esse papel, mas avalia que os desafios estiveram mais relacionados consigo do que com qualquer outra pessoa, do companheiro à mãe da pequenita que entrou na sua vida sem que estivesse à espera. E foi a terapia que acabou por dar uma grande ajuda — isso e ser mãe, posteriormente (actualmente, são três: uma menina de dez anos, filha do marido, e dois da actual relação).
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