Exército israelita resgata mais um refém do Hamas em Gaza
Qaid Farhan Alkadi, um árabe com cidadania israelita de 52 anos, foi resgatado “numa operação complexa no Sul da Faixa de Gaza”.
O Exército de Israel anunciou esta terça-feira que resgatou mais um refém entre as dezenas de pessoas que continuam raptadas em Gaza desde o ataque do grupo islamista Hamas a 7 de Outubro contra Israel.
O porta-voz do Exército, Daniel Hagari, disse que Qaid Farhan Alkadi, um árabe com cidadania israelita, da comunidade beduína, de 52 anos, foi resgatado de um túnel “numa operação corajosa e complexa no Sul da Faixa de Gaza”. O Exército disse não poder dar mais pormenores para não pôr em risco a segurança dos militares em Gaza e dos restantes reféns.
Dois altos responsáveis israelitas citados pelo diário norte-americano The New York Times contaram, no entanto, que as forças israelitas estavam a percorrer alguns túneis para encontrar sinais de combatentes do Hamas quando encontraram Alkadi num quarto a cerca de 22 metros abaixo do solo.
Estava sozinho, sem quaisquer guardas no local, para espanto dos soldados israelitas, contaram os militares, que falaram sob anonimato.
A emissora pan-árabe Al Jazeera diz que se pensa que foi resgatado de um túnel na zona de Rafah, entre a Faixa de Gaza e o Egipto.
“O seu estado de saúde é estável e está a ser transferido para o hospital para novos exames médicos”, disse o Exército israelita. Além de ter perdido peso, Alkari estava bem, disse um irmão.
A operação, que se segue ao resgate de quatro reféns israelitas em Junho, numa acção que envolveu ataques deixaram 200 palestinianos mortos, acontece quando prosseguem as conversações para tentar pôr termo aos combates em Gaza e para o regresso de mais de 100 reféns (estima-se que 30 já estejam mortos) em troca de prisioneiros palestinianos.
Até agora foram resgatados com vida, em operações militares, oito reféns. Há uma semana o Exército anunciou a recuperação dos corpos de seis reféns mortos, com balas, o que sugere, ainda segundo os militares, que tenham sido mortos pelos captores.
Os familiares do refém libertado Kaid Farhan Elkadi foram entrevistados pelo canal 12 da televisão israelita e afirmaram que “o mais importante é o facto de ele ter sido resgatado bem e saudável. É uma alegria e uma emoção muito grande”, disseram.
Um familiar disse que não estava a par das circunstâncias do resgate de Elkadi, pai de onze filhos. Um dos seus primos, Fathi, disse ainda que os membros da família ainda não acreditam no que aconteceu. “Há quase 12 meses que estamos à espera para ver o que vai acontecer”, disse, acrescentando que “estamos muito entusiasmados para o ver e abraçar”.
O irmão de Elkadi disse: “Esperamos que outras famílias tenham este momento”.
O grupo que representa as famílias dos reféns disse que o regresso de Elkadi era nada menos do que miraculoso, cita o Washington Post. Mas insistiu que “não será possível resgatar os restantes 108 reféns apenas com operações militares” e que é preciso um acordo que inclua um cessar-fogo.
O New York Times diz, pelo seu lado, que o resgate de Alkadi foi visto por algumas pessoas como um lembrete do preço desproporcionado dos ataques com origem na Faixa de Gaza tiveram para as comunidades beduínas do deserto do Negev, que vivem sem sistemas de alarme como têm outras localidades para aviso de rockets e também sem abrigos onde se possam proteger quando soam esses sinais.
No ataque do Irão contra Israel de Abril, por exemplo, uma criança beduína ficou ferida com gravidade por um estilhaço de um míssil interceptado. A criança, uma menina de 7 anos, teve alta no final de Julho, depois de quatro cirurgias.
A 7 de Outubro, morreram pelo menos 17 beduínos durante o ataque do Hamas contra Israel, e estão ainda reféns em Gaza outros três.
O primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, cujo gabinete divulgou um vídeo de uma conversa telefónica do chefe de Governo com Alkadi, louvou os soldados pelo resgate e afirmou que Israel trabalharia “sem descanso” para o regresso de todos os reféns.
“Fazemo-lo de duas formas: através de negociações e de operações de salvamento. Ambas as formas requerem a nossa presença militar no terreno e uma pressão militar permanente sobre o Hamas”, declarou, segundo um comunicado do seu gabinete.