Keegan Bradley e a sua vitória memorável no BMW Championship
Veterano norte-americano de 38 anos confirmou que os seus melhores dias estão longe de pertencer ao passado
Talvez fosse difícil encontrar um vencedor para o BMW Championship que desse uma melhor história do que a que deu Keegan Bradley, um jogador norte-americano de 38 anos, natural de Woodstock, no estado do Vermont, e residente – como tantas outras grandes figuras do golfe mundial – em Jupiter, Flórida.
E era difícil por vários motivos. Para começar, há uma semana, ele despedira-se do FedEx St. Jude Championship, em Memphis, Tennessee, com escassa esperança de conseguir um lugar no BMW Championship.
O FedEx St. Jude Championship – que decorreu campo do TPC Southwind – foi o primeiro torneio dos play-offs da FedEx Cup, reservado aos 70 primeiros na respectiva tabela de pontos, uma vez concluída a época regular, que se prolongou entre Janeiro e Agosto num total de 36 provas.
Só os 50 primeiros na FedEx Cup após Memphis se apuravam para o BMW Championship, no Castle Pines Golf Club, em Castle Rock, Colorado. Mas Bradley, por uma tardia conjugação de classificações alheias, acabou mesmo por alcançar a última vaga para nele marcar presença.
Ter conseguido um lugar no segundo evento dos play-offs foi para ele um autêntico bónus. E sem nada a perder, solto, acabou por vencer este domingo o BMW Championship pela segunda vez na sua carreira – a primeira fora em 2018, no Aronimink Golf Club, em Filadélfia, Pensilvânia.
Este triunfo, o sétimo da sua carreira no PGA Tour e o terceiro nos últimos dois anos, valeu-lhe, além de um prémio de 3,6 milhões de dólares, a presença no Tour Championship que se joga entre quinta-feira e domingo no East Lake Golf Club, em Atlanta, Geórgia.
O Tour Championship é o terceiro e último play-off, contando apenas com os 30 primeiros na FedEx Cup após o BMW Championship. Ora, Bradley não só vai nele participar, como entra numa posição cimeira da tabela, já que os 2000 pontos arrecadados este domingo proporcionaram-lhe uma subida de 50.º para 4.º.
No ranking mundial, passou de 22.º para 11.º.
“Isto mostra porque é que se tem de trabalhar todas as semanas, porque nunca se sabe o quão rápido tudo pode mudar”, disse. “Aconteceram muitas coisas mágicas para eu competir no Colorado e, quando aqui cheguei, estava muito grato. Joguei com muita calma durante toda a semana, o que não é a norma para mim. Agora vou para Atlanta com a hipótese de ganhar a FedEx Cup. Não posso acreditar.”
Outro factor que transformou o êxito de Bradley num feito memorável foi o facto de ter sido o escolhido pela PGA of America, em Julho, há seis semanas, para capitão (não-jogador) da equipa dos EUA na próxima Ryder Cup, o super-mediático embate bienal frente à sua congénere da Europa, em 2025.
Antes dele, apenas dois jogadores tinham vencido no PGA Tour após tal nomeação: Jack Nicklaus e Davis Love III. Curiosamente, estes, como Bradley, são antigos campeões do PGA Championship – um dos quatro majors do golfe, que Bradley venceu em 2011 no Atlanta Athletic Club.
“Ser nomeado capitão da Ryder Cup e ainda ser jogador a tempo inteiro é estranho. Não sei se alguém sabe como lidar com esta situação”, reconheceu Bradley.
Mas Bradley mostrou neste domingo que poderá vir a comandar a selecção norte-americana não só fora do campo, como dentro dele, ou seja, também como jogador. O último capitão-jogador dos EUA na Ryder Cup foi Arnold Palmer em… 1963.
Aliás, o seu antecessor no cargo, Zach Johnson, poderia ter-lhe feito justiça elegendo-o como um dos seis wilds cards (os outros seis são apurados mediante uma tabela de pontos) que teve à disposição para a Ryder Cup em 2023, em Roma.
Afinal, Bradley vencera duas vezes na última época e terminara em 9.º na FedEx Cup. Zach Johnson não o fez.
Então, em Setembro do ano passado, os EUA perderam a Ryder Cup no Marco Simone Golf Club por números expressivos.
O certo é que nos últimos dois anos Bradley tem demonstrado que os seus melhores dias estão longe de pertencer ao passado.
“Bem, eu sei que os me elegeram capitão da Ryder Cup não sentiam isso”, disse. “Deixaram-no claro para mim. Não que eu me importasse realmente com o que eles pensam. Tenho orgulho em ser capitão na Ryder Cup. Adorava ser capitão e jogador. Ninguém teve realmente a oportunidade que eu tive. Acho que Phil [Mickelson] ou Tiger [Woods] poderiam ter desempenhado essa dupla função, mas nunca aconteceu.”
Outro dado incontestável é que, com a vitória de ontem, Bradley coloca-se em boa posição para ser um dos seis wild cards dos EUA para a Presidents Cup que se realiza no final de Setembro no Royal Montreal Golf Club, no Canadá.
A Presidents Cup é a versão da Ryder Cup para o duelo entre os EUA e o International Team (selecção de jogadores do resto do mundo, excepto europeus).
No final do BMW Championship, foram conhecidos os seis apurados automáticos, mediante a classificação por pontos, de ambas as equipas.
Do lado norte-americano, estão já garantidos, por esta ordem, Scottie Scheffler, Xander Schauffele, Collin Morikawa, Wyndham Clark, Patrick Cantlay e Sahith Teegala.
No final do Tour Championship, o capitão dos EUA, Jim Furyk, completará a lista com seis elementos à sua escolha.
O mais provável é que Bradley seja um deles. Até porque, para este, seria uma experiência preciosa para a Ryder Cup de 2025, em Setembro do próximo ano no Bethpage Black Course, em Nova Iorque.
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