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Aliança global contra a fome e a pobreza
Uma primeira ação já foi anunciada pela força-tarefa do G20, presidida pelo Brasil: o estabelecimento de uma aliança global contra a fome e a pobreza.
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O Brasil exerce, em 2024, a Presidência do chamado G20, grupo que reúne as principais economias do mundo. Em novembro, as lideranças destes países estarão reunidas no Rio de Janeiro, para debater alguns dos principais temas, como mudanças climáticas, inovação e tecnologia, empoderamento feminino, saúde e bioeconomia.
A cidade, que já abrigou relevantes encontros globais importantíssimos, como a Rio 92 e o Rio+20, volta ao centro das atenções. Para quem teme que tudo não passe de muito café e pouca ação, eis aqui uma boa notícia: nas reuniões preparatórias para a grande cúpula do fim deste ano, uma primeira ação já foi anunciada pela força-tarefa do G20: o estabelecimento de uma aliança global contra a fome e a pobreza.
O local não poderia ser mais simbólico: o anúncio foi feito na sede da ONG Ação da Cidadania, instituição voltada para o combate à fome e à pobreza, fundada há 30 anos pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, falecido em 1997. Os galpões da entidade ficam na subida do Morro da Providência, uma das primeiras favelas do Brasil, na Zona Portuária do Rio de Janeiro.
Nascida com o nome de Morro da Favela, a comunidade teve início no fim de 1897, com a volta de ex-combatentes da Guerra de Canudos — ocorrida no sertão da Bahia — ao Rio de Janeiro. Sem o apoio esperado do governo, os ex-combatentes começaram a improvisar alojamentos na encosta do morro, localizado nos arredores do Saco dos Alferes.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi o palestrante principal do pré-lançamento da aliança global: falou com entusiasmo sobre a possibilidade da retirada do Brasil do mapa da fome até 2026. Lula também culpou a política pela falta de empenho no combate à fome: “A fome não é algo natural. A fome exige decisão política. Nós, governantes, não podemos olhar o tempo inteiro só para quem está próximo de nós”.
Na presença de várias autoridades globais, como os presidentes do Banco Mundial e de bancos de desenvolvimento, entre outros — e também de gente comum, como jovens estudantes de escolas públicas e trabalhadores voluntários da Ação da Cidadania —, Lula falou que as pessoas com poder precisam compreender os malefícios da desigualdade econômica.
“As pessoas precisam compreender que muito dinheiro nas mãos de poucos simboliza miséria, simboliza prostituição, simboliza analfabetismo, simboliza empobrecimento e simboliza a fome. Agora, pouco dinheiro na mão de muitos significa exatamente o contrário: simboliza uma sociedade próspera, com emprego, consumindo, vivendo com decência e ética, imprescindíveis a sobrevivência humana”, disse. Ao fim de seu discurso, Lula foi aplaudido pela plenária de pé.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também citou a desigualdade econômica em seu discurso e pleiteou a taxação de super ricos para financiar o combate à fome e à miséria. Segundo o ministro, seria possível arrecadar até US$ 250 milhões, somente na taxação de 2% dessas fortunas.
A aliança global contra a fome é um projeto que visa obter recursos para a erradicação da fome e da pobreza, além de estabelecer uma troca internacional de políticas públicas e de cases de sucesso. O Brasil vai arcar com metade dos custos da aliança; um valor entre 9 milhões e 10 milhões de dólares será pago pelo governo brasileiro.
A aliança já recebeu o apoio de Ajay Banga, Presidente do Banco Mundial; de Ilan Goldfajn, Presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento; do Banco Africano de Desenvolvimento; e de Qu Dongyt, diretor-geral da FAO (Organização das Nações para a Alimentação e Agricultura).
O ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Paulo Rangel, garantiu que seu país está empenhado na criação desta aliança global contra a fome e a pobreza, e que pode apoiar as nações africanas de língua portuguesa. “O objetivo é erradicarmos a fome e a pobreza”, sublinhou.