Turismo na Madeira: muitas dúvidas, ajustes e adiamentos, mas poucos cancelamentos devido ao incêndio

Muitas dúvidas, alguns roteiros alterados, e várias viagens adiadas, mas são poucos os turistas a cancelar férias na Madeira devido ao incêndio que lavra há dez dias na ilha, garantem empresas.

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Topo do Pico Ruivo, o ponto mais alto da Ilha da Madeira, de onde se podem ver as nuvens de fumo HOMEM DE GOUVEIA / LUSA
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“Não há cancelamentos para a Madeira, excepto alguns casos pontuais e residuais”, garante o presidente da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT), Pedro Costa Ferreira, em declarações ao PÚBLICO. Nos últimos dias, face ao incêndio que lavra há dez dias na ilha, a APAVT realizou um inquérito aos associados com operações na Madeira sobre possíveis impactos e cancelamentos de reservas, mas “as operações continuam a decorrer com normalidade”. “Houve, sim, naturalmente, muitas questões e preocupações levantadas pelos clientes que tinham férias reservadas, assim como pelos operadores internacionais junto às agências de incoming”.

De acordo com Pedro Quintela, director-geral de vendas da Agência Abreu, apesar de os incêndios terem tido “algum efeito”, “os ventos fortes que se fizeram sentir e o fecho do aeroporto tiveram um impacto maior”. “Mais do que cancelamentos”, tem sido necessário “realocar todos os clientes”, com o “reajuste de datas dos voos”, “seja de quem estava no destino ou de quem ainda iria viajar para a Madeira, seja no realojamento de quem teve de aguardar pelo regresso”.

O secretário regional da Economia, Turismo e Cultura da Madeira, Eduardo Jesus, sublinha igualmente não existir “nenhuma tendência de cancelamentos por força dos incêndios” no turismo da ilha, apesar de haver “pessoas que remarcaram para outras datas”, assim como “uma frequência muito mais elevada dos pedidos de esclarecimento”, sobretudo dos clientes que “reservam directamente”. Em declarações à agência Lusa, Eduardo Jesus aponta apenas o caso da animação turística, que estará a ser o subsector mais afectado, devido ao acesso vedado ou condicionado de levadas e percursos pedestres.

O incêndio rural deflagrou no dia 14 de Agosto, nas serras do município da Ribeira Brava, propagando-se progressivamente aos concelhos de Câmara de Lobos, Ponta do Sol e Santana (Pico Ruivo).

Pedro Bexiga, sócio-gerente da GMT Tours, uma agência de viagens fundada recentemente na Madeira, garante que “as pessoas que tinham reservas não cancelaram”. No entanto, houve “à volta de oito, dez” clientes, para grupos de cerca de quatro pessoas cada um, que “ficaram apreensivos e não avançaram”. “Eram turistas nacionais que iam na primeira semana de Setembro para a Madeira passar quatro ou cinco dias e, quando viram os fogos na comunicação social, acharam por bem cancelar e esperar que a situação melhorasse para avançar com a reserva. Quando esta situação estiver normalizada, controlada, as pessoas virão”, acredita.

No caso dos clientes que já se encontravam na ilha, além dos constrangimentos nos voos, existiu a necessidade pontual de alterar roteiros e actividades, nomeadamente aquelas que incluíam “determinadas levadas que foram fechadas por motivos de segurança”.

Na Insider Madeira, empresa que organiza programas turísticos “feitos à medida para grupos privados”, também tem sido esse o único impacto sentido. “Tivemos que alterar actividades de montanha, nomeadamente caminhadas ou jipe tours, e adaptar os percursos para fugir daquela zona onde estão os focos principais de incêndio”, avança o proprietário e sócio-gerente Filipe Fraga. “Em vez de fazermos aquele lado Oeste e Norte, puxamos mais para a Ponta de São Lourenço, Santana, etc.”, acrescenta. “Existem várias alternativas...”

No entanto, lembrando que “as áreas afectadas pelos incêndios são zonas inacessíveis” e “distantes das principais atracções turísticas”, a “operação continua a ocorrer sem qualquer interrupção, só com estes ligeiros ajustes”, “mais por motivos de segurança” e de forma a “garantir a melhor experiência possível” aos clientes. Até ao momento, não houve “alterações ou cancelamentos de reservas já feitas”, e continuam “a receber pedidos” para os próximos meses, “o que é um bom indicador”.

No sector do alojamento, o grupo Savoy Signature, com sete hotéis, todos localizados na ilha da Madeira (Funchal e Calheta), garante “não ter registado cancelamentos”. Já António Trindade, CEO do PortoBay Hotels & Resorts, diz não estar a existir “qualquer movimentação de clientes ou saídas prematuras”. “Há, sim, muitos clientes habituais a nos contactarem para saber da oportunidade das suas vindas, ou possível adiamento de estadas”, tendo existido “poucos cancelamentos” até ao momento. “Contudo, como as reservas para os nossos hotéis são feitas com muita antecedência, assistimos a alguma redução do ritmo das mesmas, mas estamos crentes que o poderemos recuperar logo que esta situação difícil, sobretudo para as nossas florestas, esteja superada."

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