Os livros são para se comer
A imaginação, que Borges considerava a qualidade essencial de um escritor, dir-se-ia estar a esfumar-se dos livros, dando lugar a um realismo maçador, descritivo ad nauseam.
Agosto. “Fui ver” e “nem uma agulha bulia na quieta melancolia dos pinheiros do caminho”. A ordem dos versos é distinta, assim como as temperaturas. Dito isto, fosse Augusto Gil visita de casa, dar-me-ia razão. Não cai neve, mas a luz em Agosto – termo que o sulista William Faulkner transportou para título do seu romance de 1932, embora, no caso, se referisse à luz mais outonal do Mississípi – também ela “pôs tudo da cor do linho”. Os olhos semicerram-se, incapazes de enfrentar a estridência nívea que reverbera da cal das casas. Se um buraco de minhoca me propiciasse agora e aqui um encontro com Abrunhosa, o uso de óculos escuros não constituiria mistério.
O contributo do PÚBLICO para a vida democrática e cívica do país reside na força da relação que estabelece com os seus leitores.Para continuar a ler este artigo assine o PÚBLICO.Ligue - nos através do 808 200 095 ou envie-nos um email para assinaturas.online@publico.pt.