Ucrânia respira em território da Rússia

José Alberto Azeredo Lopes é o convidado deste episódio do P24.

Durante praticamente todo o ano de 2024 a frente de guerra no Donbass trouxe apenas más notícias para a Ucrânia e os seus aliados. No combate, o gigante russo parecia apenas gerir, e sem pressa, o tempo e o espaço a seu favor. A lei do mais forte parecia incontornável. Até que, na semana passada, as coisas mudaram. De acossada e à defensiva, a Ucrânia passou a ser activa e invasora. O Kremlin não estava à espera nem da ousadia nem da capacidade ofensiva. Putin esteve dias mergulhado num ruidoso silêncio.

Na semana passada, alguns milhares de soldados ucranianos passaram a fronteira e penetraram mais de 10 quilómetros no território da Rússia. Entre posts de bloggers da guerra, russos e ucranianos, e lacónicas declarações de entidades oficiais, há muitas zonas cinzentas. Sabe-se que há 28 aldeias russas ocupadas, bombardeamentos de artilharia e de drones a colunas militares russas, ou a deslocação forçada de mais de 120 mil civis russos. Mas é impossível saber ao certo o que se passa no terreno.

Seja o que for, esta incursão, ou invasão, da Rússia pelos ucranianos, a maior desde o início do conflito tem um significado militar e político importante. A Ucrânia, que nos últimos meses parecia condenada a uma resistência inglória no Donbass, revela inteligência, nervo e poder militar. Para Putin, a violação do seu território, é uma derrota pessoal e política. Tenta dissimula-la com o que diz ser uma “tentativa de desestabilização da Rússia”. Para os ucranianos, aconteça o que acontecer a seguir, estes são dias para respirar fundo no Donbass e recuperar a moral.

Que destino terá este ataque? Que influência pode ter no futuro da guerra ou numa eventual negociação de paz? São questões que vamos discutir com José Alberto Azeredo Lopes, doutorado em Direito, especialista em Direito Internacional, professor no Centro Regional do Porto da Universidade Católica e ex-ministro da Defesa.


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