No basquetebol, o mesmo de sempre: ouro para os EUA
A jogar em casa, a França ainda deu alguma luta, mas o Team USA, numa das suas melhores versões, conquistou o seu 17.º em 21 possíveis.
Seria uma narrativa bem mais interessante se a França tivesse vencido a final do basquetebol masculino nos “seus” Jogos Olímpicos. Se Victor Wembanyama mais os adeptos da casa a gritarem a “Marselhesa” na arena de Bercy, como se estivessem numa cena de Casablanca, injectassem poderes extraordinários à selecção francesa - funciona contra quase todas as equipas e era por isso que estavam na final. Mas acabou por ser a mesma e aborrecida de sempre, mais um ouro olímpico para os EUA no basquetebol.
O desfecho foi aborrecido, triunfo por 98-87 e 17.º título em 21 possíveis, mas este Team USA não aborrece nem um bocadinho. Pode levar algum tempo a aquecer, mas esta equipa que se dá ao luxo de poder apresentar o que de melhor a NBA tem para oferecer dificilmente se deixa apanhar. Pode não ganhar em Mundiais de basquetebol (no último, nem ao pódio foi), mas essa é uma versão secundária e “ganhável”. Os norte-americanos levam os Jogos Olímpicos a sério.
A França, claro, jogava em casa. E o combustível emocional de todo o ambiente deu para aguentar os “bleus” no jogo durante, vá lá, um período e meio. Victor Wembanyama, o novo messias do basquetebol mundial, levou a França nos seus longos braços, activo no ataque e na defesa, com momentos a provarem que, de facto, é um sobredotado – desarmes de lançamento, passes por trás das costas, acerto no lançamento. E Joel Embiid, odiado por escolher os EUA em vez da França, não podia com ele.
Nos primeiros 15 minutos, a França esteve várias vezes em vantagem, sobretudo graças a “Wemby”, mas, também, por Guerschon Yabusele. E era isso. Quando o Team USA começou a aquecer, com os lançamentos longos de Devin Booker, mais a liderança de LeBron James, os norte-americanos cavaram uma diferença de oito pontos (49-41).
Scottie Pippen, um dos membros do Dream Team original de 1992, parecia satisfeito no seu lugar bem junto à quadra. Não muito longe, Tony Parker, uma lenda francesa, nem por isso. Já agora, de referir que cada equipa tinha o seu banco de celebridades: os EUA com Pippen, Megan Rapinoe, Sue Bird, Jimmy Fallon e Sha’Carri Richardson; a França com Parker, Emmanuel Macron, Thierry Henry, Teddy Riner e Omar Sy. O omnipresente Snoop Dog não andava por lá – talvez no voleibol de praia ou no boxe.
Diga-se que a França até manteve o jogo interessante, nunca deixando que o jogo lhe fugisse completamente – um triplo de Fournier ali, um acção defensiva de Gobert acolá, e os “bleus”, no final do terceiro período, perdiam por apenas seis pontos (66-72). Mas a riqueza do Team USA é a profundidade da rotação, 12 jogadores que podem ser titulares e que oferecem uma diversidade de soluções.
Esses seis pontos no final do terceiro período não foram muito reforçados pelos norte-americanos – ora andava nos oito, ora nos dez, e chegou a baixar aos três, momento em que Steph Curry acertou mais um triplo e Durant completou com mais dois lances livres. “Wemby”, que foi o melhor marcador de todo o jogo (26 pontos), arriscou demasiado em lançamentos triplos contestados e queimou ataques dos “bleus” na altura errada.
Não houve nenhum no Team USA que se tenha destacado demasiado – talvez Steph Curry, com 24 pontos, mas Booker teve 15, LeBron teve 15, Durant teve 15. Todos jogaram na medida certa para o ouro.