Reviravolta épica e 24.ª Supertaça para o FC Porto
Os “leões” marcaram três golos em 24 minutos, quase resolveram a partida, mas os “dragões” reagiram, deram a volta ao resultado e o primeiro troféu a Vítor Bruno.
A imagem estatística de que a Supertaça é um confronto com onze jogadores de cada lado e que no final (na maioria das vezes) ganha o FC Porto voltou este sábado a ser reforçada. No quinto clássico com o Sporting nesta prova, os portistas começaram por desiludir e muito, para protagonizarem uma reviravolta épica, que terminou em 4-3. Foi a Supertaça com mais golos do século.
Aguardado com enorme expectativa o primeiro teste oficial de Vítor Bruno como sucessor de Sérgio Conceição no banco do FC Porto, o técnico começou como vilão e acabou como herói. Após uma desvantagem de três golos, aos 24’, o primeiro técnico da era Villas-Boas conseguiu mexer na equipa e motivar os seus jogadores para darem a volta frente aos campeões nacionais.
A equipa até entrou pressionante, empurrando o adversário para a sua área, mas, com um bloco bastante compacto, abria espaços na retaguarda que acabariam por ser explorados pelo Sporting. Mesmo assim, foi contra a corrente do jogo que surgiu o primeiro golo dos lisboetas, que até então ainda não tinham dado sinal de vida.
Na sequência de um canto estudado, na esquerda, aos 6’, Pedro Gonçalves cruzou para o miolo da área, onde Gonçalo Inácio saltou mais alto para assinar de cabeça o primeiro golo da temporada 2024-25. Iniciavam-se três minutos infernais para os “dragões”.
Se Pedro Gonçalves assistiu para o primeiro golo, chamou a si a responsabilidade de finalizar o segundo, ainda no rescaldo da festa verde em Aveiro. Uma perda de bola dos “dragões” foi aproveitada por Gyökeres para ultrapassar Zé Pedro, e galgar todo o espaço concedido no corredor interior esquerdo, antes de servir atrasado Pedro Gonçalves.
Uma vantagem confortável dos lisboetas, que apresentaram em campo o mesmo “onze” que derrotara os espanhóis do Athletic de Bilbau no fim-de-semana passado, por 3-0, no último jogo de preparação.
No Municipal de Aveiro, a partida mantinha um ritmo elevado. O Sporting convidava o FC Porto a pressionar alto, na tentativa de condicionar a primeira fase de construção “leonina”, continuando a aproveitar os espaços concedidos no meio-campo adversário.
O terceiro golo surgiu aos 24’ e tornou um sonho a estreia oficial do jovem Geovany Quenda, mais uma pérola da formação “leonina”, que se tornou este sábado no mais jovem jogador a marcar pela equipa: 17 anos, três meses e cinco dias.
A hipótese de goleada dos lisboetas ganhava forma, quando, aos 28’, Galeno – que, a par de Diego Costa na baliza, foram as únicas alteração de Vítor Bruno em relação ao último jogo dos “dragões” – disse basta e abriu uma réstia de esperança aos portistas. Num erro (de muitos) de Debast na defesa dos lisboetas, o central falhou o corte e deixou o portista na cara da baliza, para reduzir a desvantagem.
Os quatro golos no primeiro tempo faziam crescer o entusiasmo para a segunda metade, onde se aguardava uma resposta mais incisiva do FC Porto, apesar de Vítor Bruno não ter mexido na equipa ao intervalo. O técnico deixara fora do encontro quase todos os jogadores que chegaram mais tarde, por terem estado ao serviço das suas selecções, com excepção de Diogo Costa e Eustáquio. Francisco Conceição ainda subiu ao relvado, mas uma lesão muscular remeteu-o para a bancada.
E no exacto momento em que o treinador revolucionava a equipa, aos 64’, com quatro alterações – entradas de Eustáquio, Iván Jaime, João Mário e Grujic –, começou a reviravolta. Dois golos de rajada empataram a mais emotiva Supertaça, dos últimos anos.
Com toda a permissividade da defesa “leonina”, o espanhol Nico González reduziu para 3-2, aos 64’, numa jogada que envolveu ainda Gonçalo Borges e Galeno. Aos 66’, Galeno bisou no encontro, servido por Eustáquio, e empurrou a bola para a igualdade.
O Sporting tremeu e o FC Porto esteve mais perto do quarto golo, mas ninguém conseguiu evitar um prolongamento. No tempo extra, o novo guarda-redes dos lisboetas, Kovacevic, fez mal os cálculos e deixou-se surpreender com um chapéu de Iván Jaime.
Segue para o Dragão o primeiro troféu da época, o 24.º do seu historial em 46 edições da competição.