Putin anuncia bónus a voluntários depois de Kiev resistir a um dos maiores ataques da Rússia

Na Rússia, quem se voluntariar para lutar na Ucrânia receberá um bónus. A medida foi anunciada esta quarta-feira, depois de a ofensiva russa levar a cabo um dos maiores ataques de drones em Kiev.

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O ataque durou mais de sete horas e não se registam vítimas ou danos. Thomas Peter / REUTERS
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O presidente russo, Vladimir Putin, duplicou os pagamentos adiantados para voluntários que se juntarem à guerra na Ucrânia, uma medida destinada a promover o recrutamento militar, numa altura em que a Força Aérea Ucraniana derrubou, durante a noite desta terça e madrugada de quarta-feira, oitenta e nove drones e um míssil lançados pela Rússia, naquele que é considerado um dos maiores ataques de drones deste o início do conflito entre os dois países.

Ao assinarem um contrato com o exército, os voluntários russos receberão agora um pagamento adiantado de 400 mil rublos, cerca de 4288 euros. Este aumento constitui o triplo do salário mínimo russo. Todos os recrutas recebem também dinheiro adicional por participar em ofensivas ou destruir tanques inimigos e outras máquinas de combate.

Segundo as autoridades russas, cerca de 190 mil pessoas já se ofereceram este ano para lutar na Ucrânia, um número que compara com os 490 mil contratos assinados em 2023.

Ataque russo a Kiev durou sete horas

O ataque com drones por parte da Rússia teve como alvo principal a região central de Kiev, onde as autoridades locais garantiram que a Força Aérea abateu mais de 40 aparelhos.

Do ataque, que durou mais de sete horas, não se registam vítimas ou danos, de acordo com Serhiy Pospko, o chefe da administração militar de Kiev, no Telegram.

Para Volodymyr Zelensky, “este é um resultado importante”. O Presidente ucraniano defende que, com o “fornecimento suficiente”, os ucranianos podem “proteger totalmente os seus céus dos ataques russos”.​

Segundo os militares ucranianos, foi também atingida uma instalação de armazenamento de armas e equipamentos militares na região russa de Kursk.

Cenário de cessar-fogo ainda mais distante

Na semana passada, em visita à China, Dmitro Kuleba, ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, disse estar disponível para negociar um cessar-fogo com a Rússia, mas afirmou querer ver “boa-fé” da parte do Kremlin.

Segundo Kuleba, a Ucrânia “está preparada para entrar num processo negocial com o lado russo a dada altura, quando a Rússia estiver preparada para negociar em boa-fé”, sublinhando, apesar disso, que “essa vontade não é actualmente observada no lado russo”.

O ataque desta noite afasta agora ainda mais a perspectiva de um cessar-fogo. Para Kiev, é inaceitável negociar com a Rússia um acordo que não inclua a retirada imediata das tropas russas dos territórios ocupados, enquanto Moscovo considera as quatro regiões que ocupa parcialmente (Lugansk, Donetsk, Kherson e Zaporijjia) parte do seu território e quer o reconhecimento das anexações.