Os deslizamentos de terras registados no distrito de Wayanad, no estado de Kerala, no sul da Índia, causaram pelo menos 106 mortos, segundo um novo balanço das autoridades locais, anunciou a agência Reuters. "Centenas de pessoas estão potencialmente soterradas", declarou o exército em comunicado, acrescentando que cerca de 225 soldados foram enviados para o local para ajudar na busca e resgate de sobreviventes.
O primeiro balanço feito ao início da manhã apontava para mais de três dezenas de mortos, mas os números da tragédia aumentam a cada hora que passa. O último balanço refere 106 vítimas mortais. Os deslizamentos de terra varreram propriedades de chá e aldeias em Kerala esta terça-feira depois de fortes chuvas terem desmoronado encostas e desencadeado torrentes de lama, água e pedras.
As encostas cederam depois da meia-noite, na sequência de chuvas torrenciais que caíram na segunda-feira no distrito de Wayanad, em Kerala, um estado conhecido como um dos destinos turísticos mais populares da Índia. A maior parte das vítimas eram trabalhadores de propriedades de chá e suas famílias que estavam a dormir em abrigos improvisados.
As imagens televisivas mostram as equipas de salvamento a lutar por entre árvores desenraizadas e estruturas de lata achatadas, enquanto pedras se espalhavam pelas encostas e a água lamacenta jorrava. Os socorristas estavam a ser puxados através de um riacho, carregando macas e outros equipamentos para resgatar pessoas.
Cerca de 350 famílias viviam na região afectada, maioritariamente ocupada por plantações de chá e cardamomo, e 250 pessoas foram resgatadas até ao momento, segundo as autoridades estatais. Os engenheiros do exército foram destacados para ajudar a construir uma ponte de substituição, depois de a ponte que ligava a zona afectada à cidade mais próxima de Chooralmala ter sido destruída, informou o gabinete do ministro-chefe num comunicado.
“Uma pequena equipa conseguiu atravessar a ponte sobre o rio e chegar (ao local), mas teremos de enviar muitas mais para prestar ajuda e iniciar as operações de salvamento”, disse aos jornalistas o secretário-chefe de Kerala, V. Venu, acrescentando que muitas pessoas continuam desaparecidas.
O gabinete meteorológico informou que se registaram chuvas extremamente fortes no norte e centro de Kerala na terça-feira, prevendo-se mais chuvas durante o dia.
Embora a região seja um destino turístico bem conhecido, os residentes locais foram os mais afectados, uma vez que todas as excursões turísticas tinham sido interrompidas desde segunda-feira devido à chuva.
“Receamos que a gravidade desta tragédia seja muito maior. As operações de resgate estão a ser levadas a cabo por várias agências em pé de guerra”, disse à agência noticiosa ANI o ministro do gabinete estatal M. B. Rajesh.
A agência de gestão de catástrofes de Kerala explicou que as equipas de bombeiros e as forças de segurança do Estado estavam a participar nas operações de busca e salvamento, juntamente com o exército, e avisou que mais chuvas e ventos fortes estavam previstos para o final do dia (hora local).
As monções, que varrem o Sul da Ásia de Junho a Setembro, oferecem uma pausa do calor do Verão e são essenciais para reabastecer as reservas de água. Mas também provocam inundações e aluimentos de terras, causando danos materiais e muitas mortes, ainda mais nos últimos anos, devido às alterações climáticas.
As barragens, a desflorestação e os projectos de desenvolvimento na Índia são também factores que contribuem para o aumento do número de mortes.
No início deste mês, o país já tinha sido atingido por intensas tempestades de monção. Partes da megalópole de Mumbai ficaram inundadas, enquanto um raio matou pelo menos 10 pessoas no estado de Bihar, no nordeste do país. Em Kerala, pelo menos 25 pessoas morreram em inundações e aluimentos de terras em 2021. Em 2018, quase 500 pessoas perderam a vida nas piores inundações registadas no estado em mais de um século.