Charlotte Dujardin tinha a oportunidade de ficar isolada no topo olímpico da modalidade de dressage individual, mas parece que já não vai ser este ano. A atleta britânica de 39 anos foi afastada dos Jogos Olímpicos depois de ter chicoteado um cavalo 24 vezes num minuto, “como se fosse um elefante num circo”, lê-se na queixa que motivou o afastamento. A Federação Internacional de Desportos Equestres (FEI) está a investigar o caso e impediu a atleta de competir durante seis meses. Dujardin conquistou seis medalhas olímpicas em Londres, Rio e Tóquio – três delas são de ouro.

O vídeo, que está a circular nas redes sociais e que foi divulgado pela imprensa britânica e pelo Good Morning Britain (o programa da manhã da ITV), mostra a atleta a chicotear o cavalo de uma jovem durante uma sessão de treino numa pista privada. De acordo com Charlotte Dujardin, o vídeo foi filmado “há quatro anos”, mas diz-se “profundamente envergonhada”.

“Charlotte Dujardin estava no meio da arena e disse a uma aluna: ‘O teu cavalo tem de levantar mais as patas no galope’”, diz o advogado holandês Stephan Wensing, representante da jovem de 19 anos. “Naquela época, a minha cliente pensava que isso era normal. Ela é uma vencedora olímpica. Quem sou eu para duvidar?”, diz o advogado ao The Guardian. A jovem chegou a perguntar a outras pessoas se “aquilo era normal”, mas “terá sido avisada para não falar sobre o assunto”.

O advogado avançou com uma queixa oficial contra Dujardin depois de a cliente ter visto outros atletas serem suspensos por maus tratos a cavalos no Reino Unido. “Neste fim-de-semana, ela finalmente tomou a decisão de me deixar entregar a reclamação na FEI, que levou imediatamente o caso muito a sério”, conta ao mesmo jornal.

Charlotte Dujardin publicou uma declaração nas redes sociais. Escreve que foi um “erro de julgamento” e que não há “nenhuma desculpa” que justifique o seu comportamento.

“O que aconteceu foi completamente fora do meu carácter e não reflecte a forma como treino os meus cavalos ou treino os meus alunos. Lamento sinceramente os meus actos e estou devastada por ter desiludido toda a gente, incluindo a Equipa GB, os adeptos e os patrocinadores”, lê-se na nota.

A Federação Equestre Britânica (BEF) e a Dressage Britânica (BD) também suspenderam provisoriamente a atleta. O presidente executivo da BEF diz num comunicado que as “alegações são sérias” e que “o bem-estar dos cavalos é primordial”.

Já Jason Brautigam, presidente executivo da BD, declara que “não tolera nenhum comportamento que vá contra os princípios orientadores” e adopta “uma abordagem de tolerância zero a qualquer violação das políticas de bem-estar equino”. “Estas alegações históricas são profundamente perturbadoras para todos os envolvidos neste desporto”, conclui.