Afinal, a Google não vai eliminar os cookies do Chrome

Esta segunda-feira, a Google anunciou que em vez de retirar os cookies de terceiros, ia dar aos utilizadores a liberdade de decidir se querem ou não mantê-los.

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Desde 2020 que a Google fala em eliminar cookies de terceiros no Chrome Annegret Hilse / REUTERS
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Há alguns anos que a Google defende a intenção de eliminar os cookies do Chrome. Esta segunda-feira, no entanto, a empresa recuou de vez e anunciou que “em vez de descontinuar os cookies de terceiros” se propõe dar aos utilizadores a liberdade de decidir se querem manter ou não os cookies.

“Em vez de descontinuar os cookies de terceiros, vamos introduzir uma nova experiência no Chrome que permite às pessoas fazer uma escolha informada que se aplica à sua pesquisa web. E elas vão poder ajustar a escolha a qualquer altura”, lê-se no anúncio assinado por Anthony Chavez, vice-presidente da Privacy Sandbox, a iniciativa criada pela Google para estudar o problema.

Desde 2020, quando assumiu o compromisso de acabar com os cookies de terceiros no Chrome, a Google foi empurrando, várias vezes, este objectivo para mais tarde. Inicialmente, a meta era 2022. Depois, 2023. Entretanto, passou para 2024. Em Abril, voltou a ser adiado, para 2025.

O retrocesso da empresa vai ao encontro das reacções pouco entusiásticas que reguladores, anunciantes e concorrentes têm manifestado desde que a Google se propôs a eliminar os cookies. Os anunciantes, por exemplo, criticaram a decisão por limitar a sua capacidade de recolher informação dos utilizadores e adaptar a publicidade aos seus interesses, como escreve a Reuters. Caso a erradicação dos cookies se concretizasse, os anunciantes seriam obrigados a recorrer a bases de dados da Google.

A empresa justificou a decisão de eliminar os cookies com as exigências de quem utiliza o Chrome. "Os utilizadores estão a exigir mais privacidade – incluindo transparência, escolha e controlo sobre a forma como os seus dados são utilizados – e é claro que o ecossistema online tem de evoluir para respeitar estas exigências", escreveu em Janeiro de 2020, Justin Schuh, na altura director de engenharia do Google Chrome.

A Google tinha apresentado uma solução que passava por usar um algoritmo que agrupava grupos de utilizadores com experiências de pesquisa web semelhantes. O número de utilizadores pertencentes a cada grupo teria tecto mínimo, de forma a não permitir a identificação individual dos utilizadores.

A solução, porém, não convenceu toda a gente, como foi o caso da organização sem fins lucrativos de protecção da privacidade no meio digital, Electronic Frontier Foundation, que alertou para a possibilidade de anunciantes com preconceitos poderem filtrar grupos com populações vulneráveis.

A Autoridade de Mercados e Concorrência do Reino Unido começou em Janeiro uma investigação para avaliar se a eliminação dos cookies poderia também condicionar a concorrência à Google. Em Fevereiro, a entidade reguladora pediu à empresa que pusesse em pausa os trabalhos nesse sentido até se resolver uma série de preocupações relacionadas com o assunto, escreveu a IAPP (Associação Internacional de Profissionais de Privacidade, na sigla em inglês).

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