André Magalhães: quando os portugueses comerem frango à cafreal, calulu e caldo de mancarra, "tudo vai ser mais interessante".
Bruno Oliveira: "É muito fácil encontrar molho de soja, molho teriyaki – mas quem conhece o sabor do óleo de palma?"
Carla Pinto: "Quando vão a um italiano ou a um japonês, as pessoas sabem ao que vão. Aqui é sempre uma descoberta, as pessoas não estão familiarizadas."
André Magalhães, Bruno Oliveira e Carla Pinto são três chefs de cozinha com outra coisa em comum: todos têm ligações aos chamados PALOP. André tem origens angolanas; Bruno é luso-angolano e Carla é filha de uma cabo-verdiana e de um moçambicano. E ajudaram a Catarina Moura a tentar perceber por que é que, em Portugal, a cozinha africana ainda passa despercebida.
Primeira constatação: "A gastronomia africana em Portugal está nas tachadas incógnitas dos subúrbios ou em restaurantes discretos no centro das cidades. Falta-lhe dar o salto que outras cozinhas étnicas deram", escreve a Catarina, que nos apresenta à cachupa (e aos almoços dançantes) da Associação Caboverdeana, em Lisboa; à miamba macua do Cantinho do Aziz, na lisboeta Mouraria; ou ao arroz à moçambicano do Morabeza Boavista, no Porto.
Vale a pena passar por lá para provar estas cozinhas autênticas, "que têm a ver com a história africana, muito mais antiga do que a europeia", como nota André Magalhães. "Os europeus não gostam de admitir isto. Não vale a pena continuar a dizer que é cozinha de pretos, de pobres. Quando admitirem isto, vai ser tudo muito mais interessante." Assim seja.
Bom fim-de-semana e boas fugas!