Rússia declara o jornal Moscow Times organização “indesejável”, banindo-o
Em comunicado, o jornal russo disse que a designação não é “uma surpresa” e prometeu continuar a trabalhar. Procurador-geral russo acusa o jornal de difamar a liderança da Rússia.
O procurador-geral da Rússia declarou, esta quarta-feira, o órgão de comunicação social independente Moscow Times, uma "organização indesejável", banindo-o do país.
Em comunicado publicado no seu site, o gabinete do procurador declarou: "O trabalho da publicação tem o objectivo de desacreditar as decisões da liderança da Federação Russa em termos de política nacional e estrangeira".
O Moscow Times respondeu, em comunicado, que a designação não é "uma surpresa" e prometeu continuar a trabalhar. "Os nossos trabalhos vão tornar-se mais difíceis. Qualquer pessoa na Rússia que interaja connosco de qualquer maneira vai agora ficar sob o risco de um processo criminal. Mas recusamo-nos a ser silenciados", acrescentou.
Fundado em 1992 como um jornal em inglês, nos primeiros anos atraía principalmente emigrantes ocidentais numa época em que a Rússia se abria ao mundo exterior depois da queda da União Soviética.
Tornou-se uma das únicas publicações russas em inglês a manter independência editorial e depois abriu um serviço em russo. A sua equipa já incluiu jornalistas proeminentes como Evan Gershkovich, o repórter do Wall Street Journal que aguarda julgamento na Rússia por acusações de espionagem que tanto ele como o seu jornal rejeitam veementemente.
O Moscow Times mudou-se para os Países Baixos assim que a Rússia introduziu novas leis de censura depois de invadir a Ucrânia em Fevereiro de 2022. As autoridades russas já tinham designado o órgão como um agente estrangeiro e bloqueado o seu site na Rússia.
Em Junho, a Rússia proibiu o acesso no país a 81 meios de comunicação social europeus, entre os quais o PÚBLICO, Expresso, Observador e a RTP Internacional.
Em comunicado na altura, o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo acusou os media europeus de divulgar "sistematicamente informações falsas sobre o desenrolar" da operação militar na Ucrânia.
Além de Portugal, foram visados órgãos da Alemanha, Áustria, Bélgica, Bulgária, Chipre, Hungria, Grécia, Dinamarca, Eslováquia, Eslovénia, Espanha, Estónia, Finlândia, França, Irlanda, Itália, Letónia, Lituânia, Malta, Países Baixos, Polónia, República Checa, Roménia e Suécia.