Aline Ferreira, uma influenciadora digital e modelo de Brasília, morreu nesta terça-feira, depois de ter tido complicações decorrentes de um procedimento estético.
Na quarta-feira, a família de Aline registou duas ocorrências: uma em Goiânia e outra em Brasília. Na capital de Goiás, eles accionaram a Decon (Delegacia Estadual de Repressão a Crimes contra o Consumidor). Segundo o relato às autoridades, dias após o procedimento, a modelo sofreu complicações e foi levada ao Hospital Home, em Brasília.
No perfil da modelo, a família informou a morte na noite desta quinta. “Aline era uma menina sonhadora e sempre sorridente, e é assim que devemos lembrar dela. Pedimos a Deus que conforte o coração de todos”, diz a publicação.
Aline Ferreira fez uma aplicação de 30ml de PMMA em cada glúteo. Antes, ela passou por outro hospital privado e pelo HRAN (Hospital Regional da Asa Norte). Este último, da rede pública, não tinha vaga na unidade de tratamento intensivo e, por isso, ela foi novamente transferida.
Depois da morte de Aline, a clínica Ame-se, onde a modelo fez o preenchimento, foi interditada pela Vigilância Sanitária da capital goiana.
O boletim de ocorrência diz ainda que Grazielly da Silva, a proprietária da clínica, se apresentava como biomédica, embora não haja qualquer registo profissional. Assim, ela foi detida por crimes contra as relações de consumo e levada à esquadra. No momento da detenção, ela atendia outras duas pessoas. A Folha não conseguiu contactar a defesa de Grazielly.
Em Brasília, a ocorrência foi registada pelo marido de Aline, Pablo Batista da Silva, na 1ª Delegacia de Polícia, na Asa Sul. Ele relata que a mulher foi internada em 29 de Junho. Pablo Batista disse aos agentes que o procedimento foi rápido e logo em seguida voltaram a Brasília, onde residem. A aplicação foi feita num domingo, e logo na segunda seguinte Aline apresentava febre.
A família entrou em contacto com a clínica e, ainda de acordo com a ocorrência, receberam a resposta de que a reacção era normal e Aline deveria tomar um antipirético.
Na quarta-feira seguinte, no entanto, ela piorou e começou a sentir dores na barriga. Na quinta, Aline chegou a desmaiar. O casal procurou, então, um hospital.
Segundo o marido da vítima, Grazielly foi a Brasília visitar Aline e afirmou que teria feito a aplicação de um bioestimulante, e não de PMMA. Mais tarde, por telefone, disse a Pablo que Aline poderia ter tido uma infecção pelo contacto com os lençóis da cama, já em casa. Ele afirma, entretanto, que Aline ficou de bruços todo o tempo e que em nenhum momento o local do preenchimento ficou inflamado ou apresentou qualquer tipo de secreção.
Grazielly ainda teria enviado o seu pai, que é pastor, ao hospital onde Aline ficou internada, para rezar por ela. A visita não fora autorizada e os familiares reclamaram da postura.
O preenchimento com PMMA é feito para dar volume a algumas partes do corpo e do rosto. O polimetilmetacrilato é definitivo e em forma de gel, sendo usado em procedimentos estéticos e para correcção de lipodistrofia, uma alteração da quantidade de gordura no corpo que pode ocorrer em pacientes com HIV.
É um componente plástico, portanto não é reabsorvível pelo organismo. Uma vez introduzido no organismo, o PMMA adere a estruturas como músculo, pele e osso, de forma que a sua remoção completa é quase impossível mesmo com cirurgia.
No Brasil, o polimetilmetacrilato é autorizado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para fins estéticos e reparadores.
Exclusivo PÚBLICO/Folha de S.Paulo
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