O Animal de Inês Rochinha: “A Dalila trouxe mais amor à nossa família e isso não tem preço”
Conhecê-los é conhecer a relação que têm com os animais. Depois de perder a cadela Elsie, a influenciadora Inês Rochinha decidiu voltar a adoptar: Dalila chegou para encher a casa de amor.
"Descobri a Dalila através da página do Cantinho da Milu, uma associação de bem-estar animal em Setúbal que já conhecia, porque foi onde adoptei a minha primeira cadela, a Elsie, que já partiu. Esteve connosco até aos cinco anos. Infelizmente, depois de oito meses de luta e tratamentos, não resistiu a um linfoma grave.
Continuei a seguir a associação e a apoiar com doações pontuais por saber que precisam constantemente de ajuda para os mais de 700 animais que abrigam. Através do Facebook, vi o vídeo da Dalila. Sabia que quando adoptasse um novo animal queria que fosse adulto por serem sempre os que ficam mais tempo nas instituições. No caso da Dalila, confesso que não tinha o objectivo de adoptar outra vez, mas a história dela comoveu-me: tem quatro anos e foi para a associação com os seus bebés, entregue pelo dono por pressão, porque vivia numa varanda com outro animal numa situação de abandono. As crias foram adoptadas, mas a Dalila não.
A decisão de ficar com ela foi tomada em conjunto com o meu marido e foi emocionalmente complexo fazê-lo porque ambos sofremos muito com a perda da nossa Elsie. Debatemos sobre o assunto e estávamos decididos a contactar a associação, mas vimos que a Dalila já estava reservada. Passadas duas semanas, voltou a aparecer o perfil dela. Enviei um email para o Cantinho da Milu e responderam-me mais uma vez que estava reservada, mas mesmo assim pedi, caso a adopção não seguisse, que entrassem em contacto comigo por telefone. Foi aí que pensei: 'Se tiver de ser, será.'
No dia seguinte, recebi a chamada a dizer que a Dalila estava disponível para uma visita e possível adopção. Estivemos algumas horas com ela e percebemos que era claramente um animal que precisava de amor e paciência, já que o instinto de carência era notório. Também competia constantemente por atenção quando outro animal se aproximava.
Um animal adulto tem um historial que precisa de ser respeitado e compreendido. A evolução na primeira semana da Dalila num ambiente em que se sentia segura, amada e feliz fez com que se tornasse uma cadela muito dócil, que adora mimos e correr pela praia ou num jardim, da relva, da areia e até de dar um mergulho no mar. Sendo uma senhora, também adora a sua sesta.
A adaptação ter sido incrível, mas é óbvio que existem pontos a melhorar e que requerem paciência. Neste caso, são os ciúmes com outros animais que possam receber afecto dos cuidadores. O comportamento dela tem melhorado imenso quando a expomos a estes cenários com animais de amigos para que entenda que fazer um carinho a outro cão não anula o sentimento que temos por ela. Na verdade, acreditamos que isso se deve ao medo que sente de perder o conforto emocional que encontrou connosco.
Passou um mês desde que a adoptámos e confesso que me custa a acreditar como é possível alguém abandonar um animal como ela numa varanda. Só quer amor e agora faz parte de uma família que valoriza a sua presença.
Em relação às brincadeiras, tendo em conta o que passou, é uma cadela que não sabe o que é um brinquedo. Aliás, ela só associa brincadeira quando mexemos as mãos, batemos com os dedos para ver a reacção dela ou lhe tocamos no rosto. Adora interagir fisicamente com as pessoas.
A readaptação às rotinas de ter um animal está a correr muito bem. A diferença entre ter um cão adulto em vez de um bebé (a Elsie tinha três meses quando a fomos buscar), é o facto de conseguirmos perceber que com a Dalila já existiam alguns padrões e hábitos e que ela sabe facilmente o que é certo ou errado. Bastou um xixi em casa para compreender que não estava certo. Através de incentivos — no caso, biscoitos, que adora — paciência e aprovação de que estava a fazê-lo no sítio certo, tudo fluiu de forma muito simples.
Sobre o papel que gostaria de ter em relação aos direitos dos animais, acho que, principalmente no que toca à minha influência, vou continuar a promover a adopção. Sempre foi o meu objectivo, porque raça ou o contexto não define amor. É extremamente importante darmos a oportunidade de um final feliz a um animal de qualquer tipo ou idade. E ter consciência de que é uma responsabilidade e outro membro da família. O maior conselho que daria a quem quer avançar para adopção é compreender que é um compromisso para a vida deles que, infelizmente, vivem menos tempo.
Os animais têm uma forma única de amar, é por isso que acredito que duram menos que nós: para nos ensinarem a amar, a lidar com a perda e abrir o nosso coração de uma forma tão profunda que não queremos abdicar de resgatar o próximo — foi o meu caso com a Dalila. Ver a felicidade e o sentimento de liberdade e gratidão estampado no rosto dela, é o que nos faz assegurar todos os dias que a decisão foi a certa.
Dizem que, em média, um cão tem oito Verões pela frente. Ter esta noção, só me traz mais desejo de criar mais momentos bonitos e inesquecíveis com a Dalila. Trouxe mais amor à nossa família e isso não tem preço."
Depoimento construído a partir de entrevista por email