As mulheres na engenharia

Quando uma mulher decide que a engenharia é o seu futuro está a decidir lutar contra estereótipos, a assinar um contrato vitalício com o compromisso de se transformar num agente de mudança.

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Megafone P3: As mulheres na engenharia Getty Images
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Com o exponencial avanço tecnológico, o aumento das oportunidades de emprego e a sensibilização da sociedade para a igualdade de género assistimos à ascensão significativa do papel da mulher em áreas como a engenharia e a ciência, que até há algumas décadas eram quase exclusivamente dominadas por homens.

O aumento progressivo da representatividade nestas áreas tem, felizmente, contribuído para que a frase “uma mulher entre muitos homens” seja cada vez menos ouvida. E eu, que sei disto? Por ter escolhido a engenharia e a aviação como percurso profissional posso afirmar que permiti a minha entrada num ramo em que ser mulher não é apenas ser diferente (até porque ser diferente é bom), é também a oportunidade de ser uma inspiração. Quando uma mulher decide que a engenharia é o seu futuro está a decidir lutar contra estereótipos, procurar respostas a problemas muitas vezes sem solução, mas, sobretudo, a assinar um contrato vitalício com o compromisso de se transformar num agente de mudança.

A presença feminina nas diversas áreas STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática) continua a ser precária, embora estas sejam áreas consideradas fundamentais para as economias nacionais. Apesar dos avanços, e independentemente do seu nível de desenvolvimento, a maioria dos países continua sem garantir a igualdade de género nas áreas de STEM. Segundo a UNESCO, apenas 33% dos investigadores a nível mundial são mulheres, sendo que a percentagem de estudantes mulheres em STEM continua a ser baixa: apenas 35%. Os números são ainda mais reduzidos se considerarmos áreas como a engenharia eléctrica, aeroespacial, aeronáutica e mecânica.

Ainda de acordo com dados da UNESCO, é preciso salientar que as estatísticas demonstram um desempenho aproximado de meninas e meninos em ciências e matemática. Contudo, os ainda existentes estereótipos de género impedem que haja um maior encorajamento das alunas nas áreas de STEM, havendo poucas escolas para a sua formação e desenvolvimento profissional. Mesmo nos países mais avançados e onde há maior paridade de género as mulheres em STEM continuam a enfrentar grandes desafios. Continuam, por exemplo, a ocupar uma minoria em cargos de direcção, sublinhando-se que, até hoje, apenas 22 mulheres receberam um Prémio Nobel em disciplinas científicas.

A actual lacuna nas quotas de igualdade género impede uma maior diversidade de ideias, como também limita o potencial de se alcançarem soluções os problemas actuais nas mais variadas áreas, promovendo assim a construção de uma sociedade melhor para todos. Por tudo isto, o papel da mulher na engenharia não é só uma afirmação para o presente, é também a abertura de portas para que as gerações futuras possam abraçar este caminho. Mas o que falta então fazer? As soluções são claras e têm vindo a ser debatidas e começam, cada vez mais, a ser colocadas em prática.

De uma forma simples, é preciso educar mais para combatermos estas barreiras de género, sensibilizando os mais novos e os seus tutores para a importância destas áreas e para o facto de que o seu estudo não está dependente de questões de género. É crucial investir-se mais em mentoria, políticas inclusivas, oferta de bolsas de estudo, programas de formação específicos, apostas em iniciativas educacionais e de projecto orientadas para mulheres. Só com efectivo esforço e vontade da actual comunidade STEM, assim como das das instituições de ensino, será possível incrementar o número de mulheres nestas áreas. A educação é e sempre será a nossa maior arma.

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