Metro do Porto: Não se piquem na tesoura
No dia em que é inaugurada a extensão do metro do Porto por ministros dos partidos que se lhe opuseram, esperamos que Gaia usufrua da infra-estrutura e que os ministros cortem a fita com competência.
Quando chegámos ao Governo, no final de 2015, herdámos do então Governo da AD um programa de fundos comunitários (POSEUR) onde expressamente se dizia que não poderia ser apoiada a construção de novas linhas de metropolitano, e onde a única política para os transportes de Lisboa e Porto era a privatização por tuta-e-meia das suas empresas, contra a vontade generalizada das autarquias.
As empresas de transporte eram olhadas como um fardo financeiro, e nos contratos de privatização havia “pérolas” como poderem ser comprados autocarros em segunda mão e obrigatoriamente a diesel.
Desde então, tudo mudou a sério.
Com o programa de apoio aos passes mensais (PART), os preços destes passes passaram a ser de 30 ou 40 euros, havendo famílias de quatro pessoas a pouparem mais de 350 euros por mês (a AD votou contra).
Consolidando esta medida, foi ainda aprovado o decreto-lei que, aumentado o valor anual do PART para 410 milhões de euros em 2024, confere maior autonomia aos municípios e áreas metropolitanas para a sua utilização (redução de preços, aumento da oferta). Na maioria dos casos, as Comunidades Intermunicipais viram duplicado o valor que lhes era atribuído e, a partir deste ano, os transportes públicos são gratuitos para os estudantes até aos 23 anos.
As empresas de transporte deixaram de ser olhadas como um fardo para os contribuintes, e passaram a ser vistas como empresas que tinham como objecto, pasme-se, transportar pessoas (estará a AD a rever o velho conceito?).
A Carris e a STCP são hoje melhores e são das autarquias. Foi financiada a compra, para estas duas empresas, de 560 novos autocarros de elevada performance ambiental. Iniciou-se a construção da linha circular do metro de Lisboa. Iniciou-se a construção da linha circular do metro do Porto, todas pagas pelo tal programa comunitário que a AD queria proibir de investir nestas infra-estruturas e pelo Fundo Ambiental, pois se 25% das emissões carbónicas são dos transportes é mesmo essencial investir no sector. Hoje o programa de investimentos em curso na mobilidade urbana é superior a 3 mil milhões de euros, onde se incluem os BRT (Bus Rapid Transit) para Coimbra, Braga e Algarve.
Financiados pelo PRR, já estão em obra o BRT no Porto e a nova linha de metro para Gaia, bem como em Lisboa se iniciam a linha vermelha para Alcântara e em breve o metro ligeiro para Loures e Odivelas.
No dia em que é inaugurada a extensão do metro do Porto a Vila d’Este, servindo o hospital de Gaia, por ministros dos partidos que se lhe opuseram, cabe-nos formular dois desejos. Que os habitantes de Gaia usufruam desta utilíssima nova infra-estrutura. E que os senhores ministros que vão cortar a fita o façam com competência.
Ex-responsáveis políticos pela mobilidade urbana nos governos PS