A França como modelo do que pode acontecer?

Como é que chegámos até aqui? Tenho tentado responder a esta pergunta desde que escrevo no PÚBLICO, porque há mais de dez anos que o caminho que percorremos vem sempre dar ao mesmo lugar.

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Os franceses votam nos dois próximos domingos em duas voltas das eleições legislativas. O sistema maioritário (em vez de representação proporcional, como em Portugal, só será eleito o candidato ganhador em cada uma das 577 circunscrições em que se divide o país) favorece artificialmente o vencedor e pode permitir maiorias absolutas com pouco mais de um terço dos votos, como pode acontecer desta vez. Basta para tal que o partido ou coligação vencedora ganhe num grande número de circunscrições por pequenas diferenças de votos relativamente aos segundos classificados, cujo partido/coligação não elege ninguém. É por isto que podemos acordar no dia 8 de julho com uma maioria absoluta do bloco de extrema-direita que reúne a ex-Frente Nacional e os restos da velha direita gaullista. Macron e os seus liberais de cassetete em casa e tropas para a Ucrânia já perderam as eleições: a merecidíssima rejeição maciça dos franceses vai eliminar a grande maioria deles logo à 1.ª volta.

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