Alunos satisfeitos com exame de Física e Química A: foi “melhor” do que esperavam
A terceira prova mais concorrida dos exames nacionais realizou-se nesta sexta-feira. Em Lisboa, na Escola Secundária António Damásio, os alunos dizem que o exame foi “melhor” do que o do ano passado.
“Estava à espera de que fosse bem pior.” Este foi um dos comentários que mais se repetiram entre os alunos da Escola Secundária António Damásio, em Lisboa, quando terminaram o exame de Física e Química A do 11.º ano, nesta sexta-feira. A prova começou nas escolas de todo o país às 9h30.
Foi mais de uma dezena de alunos que escolheram não usufruir dos 30 minutos de compensação e saíram da escola quando soou o primeiro toque, às 11h30. Muitos ficaram à espera dos amigos que ainda estavam na sala a acabar o exame. Sentia-se o alívio no ar. “Já não preciso de me sentir culpado por não estar a estudar”, admitiu um dos estudantes aos colegas com um sorriso.
O relógio marcava 12h00 quando os restantes alunos finalizaram o exame. A maioria parecia estar de bom humor enquanto comparava respostas. “Foi bem fácil”, repetiam muitos. Parece haver consenso em que o exame deste ano foi consideravelmente menos complicado do que o do ano passado.
No total, há mais de 156 mil alunos inscritos nos exames nacionais deste ano, valor ultrapassado apenas em 2019, quando se inscreveram quase 160 mil. O exame de Física e Química A, o penúltimo dos exames nacionais desta primeira semana de provas, teve quase 39 mil inscritos. O exame é o terceiro com mais inscritos, depois das provas de Português (cerca de 44 mil) e de Biologia e Geologia (cerca de 43 mil).
Nem todos os que fizeram o exame estão no 11.º ano. Simão Antunes está no 12.º ano e decidiu repetir o exame, com a esperança de melhorar o seu resultado e conseguir entrar numa universidade em Lisboa. Só saberá qual é a sua nota, assim como os restantes colegas, quando for afixada a 15 de Julho.
Simão Antunes, 18 anos
O exame correu melhor ou pior do que esperavas?
Correu melhor, em comparação com o do ano passado, em que o grau de dificuldade foi um pouco maior. Consegui responder às perguntas mais facilmente desta vez.
A matéria que saiu no exame foi toda leccionada nas aulas?
Penso que sim, tendo em conta que não tive grande dificuldade no exame, mas já não me lembro muito bem da matéria toda, pois tive a disciplina no ano passado.
Foste afectado pela falta de professores este ano – ou seja, houve disciplinas em que não tiveste professor durante algum tempo? Se sim, achas que isso afectou o teu desempenho?
Sim, não tive professor de Físico-Química. É um problema que já vem desde o ensino básico, não só no secundário. Em Físico-Química, sempre houve dificuldade em ter um professor fixo. No ano passado não foi o caso, a nossa professora faltou só a algumas aulas, mas, às vezes, passamos o ano inteiro sem professor. Acho que afectou o meu desempenho, as minhas bases não ficaram tão consolidadas como as de outras pessoas.
Vais concorrer a que curso do ensino superior?
Fisioterapia, sempre foi uma área de que gostei e está relacionada com o desporto, que é uma coisa de que eu gosto. Ainda tenho de ver qual a universidade, mas entrar no Politécnico de Lisboa ou de Setúbal era o ideal. A minha segunda opção é Osteopatia, é por isso que fiz o exame de Física e Química.
Ana Cardoso, 17 anos
O exame correu melhor ou pior do que esperavas?
Melhor do que estava à espera. Pensei que ia ser muito difícil, mas foi mais fácil do que achei que ia ser. Estudei bastante, sinto que estudei demais para o que saiu. Estava um pouco nervosa, mas passou quando comecei a prova.
A matéria que saiu no exame foi toda leccionada nas aulas?
Foi toda leccionada nas aulas, mas eu também tenho bastante facilidade com a disciplina. No ano passado foi mais difícil. Eu gosto mais de Química do que de Física, mas os exercícios que saíram em Física foram mais fáceis desta vez.
Foste afectada pela falta de professores este ano – ou seja, houve disciplinas em que não tiveste professor durante algum tempo? Se sim, achas que isso afectou o teu desempenho?
Só tive falta de professores no 2.º e no 3.º ciclo, em Inglês e Geografia. Sempre tive imensas dificuldades com a Geografia e acho que isso não ajudou. Em Física e Química, sempre tive professor.
Vais concorrer a que curso do ensino superior?
Engenharia Biomédica, no Instituto Superior Técnico em Lisboa, para ficar perto de casa. O curso parece ser bom. Depois quero tirar o mestrado em Neurociência, então não é tão importante o curso que tiro na licenciatura, é só depois para seguir o mestrado. A opção B é Biologia Molecular e Celular, na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Nova.
Leandro Gonçalves, 15 anos, e Dinis Ramada, 16 anos
O exame correu melhor ou pior do que esperavas?
Leandro Gonçalves: Melhor, não foi assim tão fácil, mas a prova do ano passado foi muito mais difícil. Eu estudei muito, só fiquei ansioso no meio do teste.
Dinis Ramada: Melhor, não foi muito fácil, mas foi muito melhor do que o que fiz no passado. Estudei mais Biologia, então estava mais nervoso para fazer este, mas correu bem.
A matéria que saiu no exame foi toda leccionada nas aulas?
Leandro Gonçalves: Sim. Todas as perguntas a que não respondi foi porque não consegui pensar na resposta no momento do exame, mas, quando cheguei cá fora, quando os meus colegas me disseram a resposta, lembrei-me de tudo.
Dinis Ramada: Foi. Houve apenas uma em que eu não soube como se fazia ao certo, mas quando chegar a casa vou ver como se faz.
Foste afectado pela falta de professores este ano – ou seja, houve disciplinas em que não tiveste professor durante algum tempo? Se sim, achas que isso afectou o teu desempenho?
Leandro Gonçalves: No ano passado, a professora de Físico-Química estava sempre a faltar às aulas. Faltou cerca de um mês inteiro. Sinto que isso me afectou, especialmente na matéria que foi leccionada neste ano, mas agora no exame saíram poucos exercícios do conteúdo que era para ser leccionado quando ela não estava, então não senti tanto.
Dinis Ramada: Em Físico-Química e Biologia, não. Nas outras disciplinas também não tive problema.
Vais concorrer a que curso do ensino superior?
Leandro Gonçalves: Não faço ideia. Talvez algum curso na área da Biologia ou da Informática, numa pública em Lisboa.
Dinis Ramada: Vou concorrer para Ciências Forenses, na Egas Moniz, porque gostava de ir para a Polícia Judiciária.
Leonor Cordeiro, 17 anos
O exame correu melhor ou pior do que esperavas?
Melhor do que estava à espera. Estudei bastante, mas, tirando uma ou outra, as perguntas foram mais fáceis do que estava à espera. Houve uma pergunta sobre calcular a força normal e não percebi nada disso, mas se calhar foi porque estudei menos esse tema.
A matéria que saiu no exame foi toda leccionada nas aulas?
Sim, toda. Estava à espera de todos os temas que saíram no exame. Tive dificuldade durante as aulas de Física, mas correu bem no exame.
Foste afectada pela falta de professores este ano – ou seja, houve disciplinas em que não tiveste professor durante algum tempo? Se sim, achas que isso afectou o teu desempenho?
No início do ano passado, não tive professor de Filosofia, mas não sinto que tenha afectado o meu desempenho.
Vais concorrer a que curso do ensino superior?
Ainda não sei, mas gostava de ficar em Lisboa numa pública, em algum curso que tenha a ver com Matemática.
Afonso Capelo, 17 anos
O exame correu melhor ou pior do que esperavas?
Correu melhor do que pensava. As perguntas não foram muito fáceis e eu não estudei muito, mas foi melhor do que o ano passado. Desta vez, foi menos complexo.
A matéria que saiu no exame foi toda leccionada nas aulas?
Foi, mas as matérias de Física foram complicadas para mim durante as aulas. No exame, sinto que correu 50/50.
Foste afectado pela falta de professores este ano – ou seja, houve disciplinas em que não tiveste professor durante algum tempo? Se sim, achas que isso afectou o teu desempenho?
Não, sempre tive todos os professores ao longo do secundário.
Vais concorrer a que curso do ensino superior?
Desporto, em princípio, na Faculdade de Motricidade Humana. Escolhi por gosto mesmo. Adoro futebol.
Texto editado por Gina Pereira