Quando a música nos une: a arte cigana em palco a mostrar que falamos a mesma língua
Projecto ZHA! trabalha com comunidades ciganas do Porto e procura valorizar e preservar o seu legado. Uma luta contra a invisibilidade e o estigma. Esta quinta e sexta-feira há espectáculo no Rivoli
Os sonhos de Vítor Hugo ainda têm fronteiras. E ele, “homem dos dez instrumentos”, veste-os pela metade. “Viver da música é um sonho. Mas ser profissional no meio português não é possível para um cigano.” O veredicto carrega pragmatismo e lamento. A vida falhou-lhe em “regalias” (“nunca tive aulas de música nem sei ler pautas”) e a etnia, que lhe concedeu “um dom” (“os ciganos nascem a saber música”), é a mesma contra a qual se erguem muros e injustiças. “Há muito preconceito.” Vítor Hugo guarda muitas dores, mas não esquece também a mudança em curso. Concentra-se nela. “Para o meu filho o mundo já vai ser muito mais justo do que foi para mim. Isto é uma porta gigantesca para fazer cair mais uma barreira. Uma a uma. Estamos a lutar.”
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